Karaté Budo

Instrutores da JKA-França no Honbo Dojo da JKA

Quero partilhar convosco algumas das principais preocupações dos karatecas defensores da “linha” Budo, onde me incluo.
Volto a chamar este assunto a público depois de ter lido o artigo do Sensei Daniel, instrutor-chefe da JKA-França, publicado na Shotokan Karaté Magazine.
No texto do Sensei Daniel são focados alguns problemas do karaté actual, mas mais importante é o facto de apresentar soluções, que os responsáveis pelas federações insistem em não ouvir...
Vários pseudo-instrutores, ao aperceberem-se da importância do verdadeiro karaté, usam o nome da arte associado a outras actividades desportivas (por exemplo: body karaté, baby karaté, karaté contact, etc). A ideia não é mais do que enganar os seus alvos, onde se incluem os pais das crianças, empresas (patrocinadoras) e até organismo públicos. Mas estes falsos karatecas mantêm a sua actividade sem qualquer fiscalização, porque falta-nos a nós, e contra mim falo, coragem de denunciar e participar às instituições competentes.
E lá voltam à baila as competições. Aquelas cujos fins justificam quaisquer meios. Onde só a medalha conta e não há preocupação com a formação do aluno. O praticante passa a chamar-se jogador! E a estatística, ainda que feita ao jeito, é o objectivo principal. As mesmas que chamam coach ao sensei. Vou ser sincero, recuso-me determinantemente a chamar jogador a um praticante de karaté e jogo ao kumité!
E quando o competidor já não rende? É descartado e retratado como figura do passado. E as medalhas? Lá ficam penduradas com o valor que têm… Lá diz o ditado: vão-se os dedos, ficam os anéis... Não importa se perdem um praticante, desde que ganhem uns troféus.

A disciplina é remetida para 2º plano e passa a valer tudo, treinar com MP3, falar alto no dojo, não fazer saudação, comer e beber nos treinos, etc.
Mas os gritos de revolta e alerta, pela situação do karaté actual, são cada vez mais e soam bem alto e já não são possíveis de calar!
De uma coisa não tenham dúvida, o budo continua e está a ganhar força no karaté! E a JKA, felizmente, faz disso o seu cavalo de batalha!
Das palavras escritas pelo responsável da JKA-França há uma curiosidade que faço questão de mencionar e um dia destes vou desenvolver. Ele, lá em França, reconhece o trabalho feito pelo instrutor-chefe da JKA-Portugal, enquanto nós cá preferimos continuar a ignorar e fingir não saber.
Se puderem leiam aquelas palavras, são oportunas e estão cheias de sentimento!