domingo, 30 de agosto de 2009

Remodelação do Dojo

Foto de ontem, em plenas pinturas

Ontem, durante toda a tarde, juntámo-nos (André Figueira, Ângelo Xavier, Bruno Leitão, Carlos Cardoso, Lénea Valentim, Luís Claúdio, Marco Patrício, Nuno Costa, Nuno Pires, Pedro Franco e Pedro Xavier) na ARDOG, onde fizemos algumas alterações ao dojo (arrumação do material de apoio, pintura, pequenas reparações, limpezas, etc).

Outra equipa da ARDOG fez alterações profundas nos balneários, que ficaram diferentes, mais funcionais e bem mais bonitos.

Pelo meio houve tempo para tudo, falar, trocar ideias, falar do futuro e, claro, beber umas minis.

Mas uma coisa é certa, a malta deu bem o “litro”. E depois de atingidos os objectivos a que nos proponhamos ainda fizemos uma mão cheia de outras tarefas.

Pessoalmente acho o dojo muito melhor e, aos poucos e poucos, estamos a ficar com um espaço espectacular.

Há uma preocupação na cabeça de todos nós, o chão. O piso da sala é em flutuante e a malta quer tatami de karaté. Vou tranquilizar toda a gente, a direcção da ARDOG está empenhada na aquisição do tatami e estou convicto que ainda nesta época vamos ter tapetes!

Na parede mais próxima da porta de entrada temos a estrutura onde constam os nomes dos praticantes inscritos na temporada corrente. Agora constam cerca de 160 espaços para nomes! O pessoal tem brincado com esse facto, mas estou convicto que vamos encher quase todos os lugares!... A ver vamos, como dizia o cego.

Quero agradecer o forte empenho de todos, domo arigato gozaimashita.

sábado, 29 de agosto de 2009

Lyoto Machida

Lyoto Machida, Campeão do Mundo médio-pesado UFC

Durante muito tempo nós, os karatecas, ouvimos inúmeras críticas sobre a nossa arte, quando comparadas, a nível da efectividade, com as lutas sem regras.

Pessoalmente cheguei a por em causa a aplicação real do karaté em alguns tipos de competição, mas nunca duvidei do seu verdadeiro potencial, isso nunca!

Mas havia sempre a questão de não termos ninguém nas lides mais violentas, nas “vale tudo”. Alguns grandes mestres justificavam, e bem, esse facto estar relacionado com valores diferentes e sobretudo não haver praticantes para aí virados.

Na net vemos muita coisa, onde, com facilidade, colocam tantos factores em causa. Assistimos a vídeos onde confrontam o karaté ao taekwondo, ao kickboxe, ao Judo, boxe, etc. Nunca entendi a razão de compararem diferentes artes marciais! Da mesma forma que não podemos comparar uma pintura com uma escultura (artes diferentes), também não devemos comparar o karaté com outras artes marciais. É a minha opinião…

Mas agora apareceu um digno representante do karaté no MMA e UFC – Lyoto Machida. Este Brasileiro, campeão da JKA Brasil em kata e kumité (em 2001), filho de um mestre da JKA – Yoshizo Machida, irmão do campeão da JKA – Chinzo Machida, está a fazer um sucesso nos combates do UFC e a 28 de Maio de 2009, em Las Vegas, defrontou Rashad Evans, e sagrou-se campeão do mundo de médio-pesado da UFC.

Agora os críticos já voltaram a olhar para o karaté e a ver o seu real valor. Muitos estão rendidos à forma do Machida lutar, mas quem conhece o karaté da JKA identifica-se com facilidade com ele. Procura o ippon e usa de forma muito eficaz o kizami-zuki e as técnicas de pernas em sequências rápidas e fortes. É claro que teve de desenvolver outras técnicas fora do karaté, mas a essência do karaté esta toda ali, apenas adaptada àquele tipo de combate.

Na net, nomeadamente no YouTube, podem ver alguns vídeos dele.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Surdolímpicos

Sensei João Cardiga no Honbo Dojo da JKA - Japão

No domingo passado, antes da assembleia-geral da Federação Nacional de Karaté – Portugal, estive à conversa com um amigo meu, o Sensei João Cardiga.

Entre outros assuntos falámos de mais uma enorme conquista da Associação Nacional de Artes Marciais (ANAM). Mas essa conquista também é do karaté nacional, de um aluno da ANAM – o Tiago Manuel Luís Silva, e sobretudo, do Sensei Cardiga.

Na próxima edição dos Surdolímpicos, o Tiago vai representar o karaté nacional neste prestigiado evento mundial!

Quando soube fiquei surpreso, pois não sabia da existência destes “olímpicos”! Depois disso fui pesquisar e agora ainda estou mais surpreso!

Estes jogos, realizam-se de 4 em 4 anos e são o segundo evento multi-desportivo mais antigo, com a primeira edição em 1924 (!), na cidade de Paris, destinados a atletas com deficiência auditiva.

Nos primeiros anos de vida chamavam-se Jogos Internacionais para Surdos, depois alteraram para Jogos Mundiais para Surdos e a partir de 2000 Deaflympics (Surdolímpicos).

Entre os dias 5 e 15 de Setembro, na Ásia, vão decorrer os Surdolímpicos Taipé 2009. Onde as modalidades andebol, atletismo, badmington, basquetebol, bowling, ciclismo, futebol, judo, karaté, luta greco-romana, natação, orientação, pólo aquático, taekwondo, ténis, ténis de mesa, voleibol e voleibol de praia, vão estar presentes. Para se qualificarem os atletas têm de ter uma perda de 55db no seu “melhor ouvido” e durante as provas não podem usar nenhum aparelho auditivo.

Nesta próxima edição Portugal leva 15 atletas, nas modalidades de atletismo, bowling, judo, karaté, luta livre, luta greco-romana, natação e taekwondo.

Conheço o Tiago Silva e posso-vos garantir que vamos muito bem representados!

Parabéns à ANAM, ao Sensei Cardiga e ao Tiago!


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Treino no Hoitsugan

Ontem, lá rumámos (eu, Bruno Leitão, Marco Patrício, Nuno Pires e Pedro Xavier) até ao Hoitsugan, onde treinámos com os Sensei’s Peté e Bento Ribeiro.

Ao chegar uma agradável surpresa, a presença do Hugo Gato (Almada) e Norberto Coelho (Silves). Poder treinar com colegas diferentes é sempre vantajoso, pois cada um de nós tem particularidades específicas.

Bem, devo dizer que o Sensei Peté esteve em cima de mim do princípio ao fim! E quando assim é, as correcções aparecem umas atrás das outras.

Este é o processo natural do karaté. Correcção após correcção o nosso karaté vai melhorando. Não podemos baralhar algumas coisas, quando o nosso mestre nos corrige está a fazê-lo para nos ajudar. Por vezes há colegas a ficar sentidos com esse facto, mas estão completamente errados e ainda não perceberam a essência da arte e a forma de ensino.

Boa parte da aula foi dedicada à prática de katas. Foram escolhidas duas, Jion e Jitte. A tokui do Norberto e a minha (respectivamente). Sou suspeito, por ser parte integrante de um grupo, mas ver o Sensei Peté a fazer kata é realmente fascinante. E parece tão fácil! O problema vem quando nos dão a voz do hajimé…

No final da aula mais uma recomendação e um pensamento para trabalho de casa: persistência!

No regresso onde fomos parar para comer? À saída de Rio Maior, na Ti Cristina! Já tinha saudades de manjar aquelas bifanas.

domingo, 23 de agosto de 2009

Assembleia-Geral da FNK-P

O Sr Presidente da FNK-P - João Salgado

Hoje, às 10H30, em Lisboa, decorreu a Assembleia-Geral da Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P).

Em época de férias, no pico do Verão, a participação das associações foi enorme, estavam presentes grande parte dos filiados e outros fizeram-se representar. Tal facto mostra a importância dada a este momento, pois quase todos fizeram questão de marcar presença. Lamentavelmente muitos elementos dos orgãos da federação optaram por faltar a esta assembleia de extrema relevância!...

A ordem de trabalhos só tinha um ponto, aprovação dos estatutos.

Só apareceu uma proposta de alteração aos estatutos, apresentada pela direcção. Durante a semana passada andou a circular na net uma outra proposta, mas chegada a hora da verdade, nada! Esses supostos estatutos, assinados pelo Nuno Cardeira, nunca chegaram à assembleia, penso eu por falta de apoio de outras associações. Mas devo afirmar não concordar com uma ideia constante neles, as associações distritais.

Durante os trabalhos houve dois artigos largamente discutidos, o 26º e 27º alínea h). Agora, com esta alteração ficou em aberto a composição do Conselho de Arbitragem ser composto por membros não árbitros.

Durante cerca de duas horas discutiram-se e alteraram-se alguns artigos e no final reinou o consenso. A aprovação realizou-se com 0 (zero) votos contra, 32 abstenções (da APKW) e 10.746 votos a favor. Recordo que, eram necessários ¾ dos votos a favor.

No final, o Presidente João Salgado salientou, entre outros assuntos, o facto de os nossos estatutos estarem a servir de modelo para outras federações nacionais.

Bem, o fantasma da perda de utilidade pública desportiva está colocado de lado, agora ainda há muito trabalho a fazer.


sábado, 22 de agosto de 2009

Gripe A

Vírus H1N1

Com os olhos postos no início de época, há uma preocupação comum a todos nós karatecas, sobretudo a quem tem mais responsabilidade, caso dos instrutores e dirigentes, a gripe A.

Os factos de treinarmos em recintos fechados (em muitos casos em locais quentes e húmidos), muito próximos uns dos outros, haver contacto físico constante e haver milhares de crianças (grupo de risco) a deslocarem-se diariamente aos centros de karaté, trazem-nos preocupações acrescidas.

Tenho, à semelhança de muitos outros instrutores com quem falei, procurado saber o que fazer. Na verdade, aquelas recomendações divulgadas pelos responsáveis da saúde já nós a praticamos há muito tempo. São os casos de tossir para um lenço e lavar frequentemente as mãos.

No karaté, muitos de nós, somos mais papistas que o Papa! E achamos impensável treinar, por exemplo, com lenços dentro gi. Eu, já no início da época vou pedir, e colocar à disposição lenços no dojo, para serem usados durante as aulas.

Um outro aspecto é estarmos sempre a incentivar os praticantes a treinarem, mesmo que estejam adoentados. Agora não o vou fazer, pelo contrário, vou pedir para não irem às aulas se tiverem sinais, ainda que fracos, de gripe.

Estou curioso em saber as medidas adoptadas pelo Japão. Pois estas medidas agora pedidas em função da gripe eles fazem-nas há muitos anos. E aquela ideia que os japoneses andam de máscara devido à poluição é errada, fazem-no para não transmitirem as doenças e para própria defesa, evitando mais contágio quando já se encontram debilitados.

A Federação Nacional de Karaté – Portugal ainda não divulgou nenhuma informação sobre o assunto. Com calma e serenidade vamos aguardar recomendações específicas.

Não me admiro nada que, venham a adiar e eliminar provas e actividades do karaté, até porque muitas delas vão coincidir com a previsão do pico da gripe. Temos de estar preparados para adaptar o nosso calendário em função da pandemia.

Uma coisa é certa, ficar em casa escondido do H1N1 também não serve de nada e a prática desportiva ajuda, e de que maneira, a fortalecer o corpo de defesas contra as doenças.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Não Subestimar

Bem sei que todos nós estamos cansados de ver este vídeo, devido à sua massiva exibição em todas as televisões mundiais e em quase todos sites e blogues.

Aparentemente este vídeo não te nada a ver com o karaté. Mas para mim tem, e muito!

Da mesma forma que aquele público e júris fizeram uma avaliação baseada em valores errados (aparência física, vestuário, beleza, etc) e foram completamente surpreendidos, muitos de nós ao enfrentarmos os nossos adversário fazemos os mesmos juízos de valores e somos subjugados!

Tal como milhões de pessoas estavam completamente erradas em relação à Susan Boyle, também nós, em muitos casos, enganamo-nos em relação aos nossos oponentes e sofremos grandes derrotas (aqui falo, sobretudo, das psicológicas).

Não nos podemos fiar na aparência dos outros e muito menos subestimar quem vamos defrontar! Costuma-se dizer, não subestimes para não seres subestimado.

Por vezes, tanto em kata como em kumité, já temos no nosso pensamento a vitória, baseada apenas na visão superficial, e erradíssima (!), de quem está à nossa frente.

Não podemos cometer este tipo de erro, julgar as pessoas pela sua aparência exterior. Temos, e isso sim, de enfrentar, sempre, os nossos adversários com o máximo de prudência e fundamentar a nossa atitude mental em valores concretos.

Por outro lado, devemos seguir o exemplo desta escocesa e tentar viver os nossos sonhos. Por vezes faltamos a actividades do karaté (mas também da nossa vida em geral) porque não temos a coragem de quebrar as barreiras existentes na nossa mente.

Infelizmente, para quem percebe pouco de inglês – como é o meu caso, não consegui incorporar o vídeo legendado em português, mas procurem no Youtube Susan Boyle legendado.

Sempre que vejo estas imagens, e já as vi milhentas vezes, sinto-me emocionado…

Vejam, vale a pena, pois trata-se de uma grande lição para todos nós.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Treino no Hoitsugan

Foto do grupo no final da aula de ontem

Ontem, e porque estamos de férias, lá fomos até ao Hoitsugan, em Lisboa, onde fizemos mais um excelente treino com o Sensei Peté.

Da Marinha Grande arrancámos 9 karatecas, Sensei’s João Rosa e José Ilharco, Bruno Caetano, Carlos Cardoso, Jorge Gaspar, Marco Patrício, Nuno Pires e Regina Franco.

O ponto da aula de ontem: manter a altura do corpo quando avançamos e recuamos em desenkutsu-dachi.

Baseado neste aspecto técnico essencial, o Sensei desenvolveu toda a classe sempre a dar relevo à manutenção da altura do corpo, focando vários problemas e resoluções.

A importante flexão do tornozelo e joelho ficaram ontem bem demonstrados, agora é o trabalho de cada um durante os treinos. Em grosso modo, e deixando pormenores de lado, quando avançamos temos de ter sempre em mente flectir bem o joelho e a articulação tibio-társica da perna da frente. Quando recuamos ter a preocupação de aproximar o cóccix do calcanhar do pé de trás.

Mas uma coisa é certa, no fim de melhorarmos este ponto, outro vai surgir! E depois outro e outro… Será assim eternamente! O karaté-do faz-se desta forma, degrau a degrau, com muitos avanços, mas também com alguns recuos.

No final fizemos duas passagens pelos makiwaras, onde efectuámos contagens de 50 repetições.

Aproveito para dar os parabéns ao Sensei Bento Ribeiro que, durante o Verão, está a remodelar o Hoitsugan. Está a ficar muito bem.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Tora no Maki

Tori no Maki

Falar do símbolo do karaté shotokan é falar da própria história deste estilo e do seu criador, o Sensei Gichin Funakoshi.

Ao chegar a Honshu (ilha principal do Japão), o Sensei Funakoshi começou de imediato a fazer amizades e a relacionar-se com importantes figuras do estado. Mas um amigo e aluno influente, um dos pintores mais importantes da época, Hoan Kosugi, convenceu-o a escrever um livro para que, dessa forma os seus conhecimentos ficassem registados.

Então, em 1922 é escrito o 1º livro, Ryukyu Kempo Karaté, e recebe ilustrações do artista.

Novamente Kosugi incentiva a escrita de novo livro e desta vez promete ser ele a pintar o desenho para a capa.

Em 1935, acaba por ser editada a 3ª obra do Sensei Funakoshi, Karaté-Do Kyohan, com a pintura prometida do famoso artista, um tigre dourado dentro de um círculo sobre fundo azul.

Kosugi pensou que aquela obra seria o texto do Mestre, o que em qualquer arte no Japão é designado por “Tora no Maki” – documento oficial de uma arte. Como fonte de inspiração, pinta um tigre envolvido dentro de um círculo, que representa um grande poder dentro de um corpo pequeno. O círculo indica ter sido pintado com uma única pincelada, característica dos desenhos Zen.

Mas Tora também quer dizer tigre e Maki rolo ou enrolado.

O caracter ao lado da cauda do tigre é a assinatura do artista.

Curiosamente, na versão inglesa do Karaté-Do Kyohan o tigre foi substituído pela figura da estátua de Zoco-tem, o guarda do sul do templo Budista de Todaiji, em Nara.

O desenho deste importante pintor tem um forte simbolismo no karaté e é, indiscutivelmente, o símbolo do estilo Shotokan.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Idade no Karaté

Ao ver uns vídeos de karaté na net reparei num especial. Especial para mim! Porque mostra o verdadeiro potencial da arte da mão vazia, poder treinar até à véspera da nossa passagem para outra dimensão…

Ao ver praticantes com mais de 74 anos de idade, sabendo eu haver muitos deles com várias dezenas de anos de treino, a competir e a mostrar tamanho vigor, deixa-me estupefacto.

Nos desportos, de uma forma geral, não é possível tal proeza. Mais, eu já assisti ao campeonato da JKA para “veteranos” e o escalão mais emblemático é o de maior idade, não estou certo mas penso ser o mais de 75 anos (!), aquele em que todo o pavilhão pára para ver.

Este é outro valor das artes marciais, o respeito e a valorização dos mais velhos. Nos desportos, então nos colectivos, nada disso se passa, pelo contrário! Os jovens, em algumas dessas modalidades, ao tomarem consciência de algumas das suas capacidades, colocam-se no centro do mundo e passam a desprezar, por acharem serem os melhores, os mais velhos e muitas vezes os próprios treinadores!

Com o avançar da idade o corpo vai perdendo algum vigor, mas o conhecimento marcial aumenta sempre e um compensa, não propriamente na mesma proporção, o outro.

Mas o importante é crescermos dentro dos valores fundamentais do budo. O respeito e o reconhecimento dos mais experientes são cruciais e deve ser sempre visto como uma vantagem.

Vale a pena ver este vídeo e fazer uma reflexão.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nós, os da província



Ontem à noite, na companhia do Sensei António Mota, de quem tenho fortes laços de amizade, em jeito de encerramento do Estágio de Verão, jantámos na Praia do Pedrogão.

Como sempre, e para não fugir à regra, as nossas conversas andaram à volta do karaté!

É giro constatar que o nosso grande problema (Leiria – Marinha Grande – Monte Real) é o mesmo problema deles (Açores)! E é identificado rapidamente, distância dos “centros de comando”. Podia chamar qualquer outro nome, mas optei por inventar este.

Muitos colegas nossos não se apercebem da sorte que têm em poder treinar diariamente com os Instrutores Seniores. Eles dão esse facto como um dado adquirido e esquecem-se que nós, os da “província”, estamos, em muitos casos e nessa área, desamparados.

Mas a distância e a localização dos Açores é mais gravosa. As viagens obrigam a despesas avultadas e a despender bastante tempo. E em tempo de vacas magras, e crise atinge-nos a todos (!), não é fácil arranja verbas para minimizar o isolamento de alguns dojos. E há pessoas a pensar que a malta da aldeia está cheia de dinheiro e tem montes de apoios! Gostava de ver muito boa gente a abrir um dojo nestas zonas…

Nós, com a carolice e um grande esforço, lá vamos minorando a dificuldade. Lá diz o ditado, quando Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé, e mensalmente temos conseguido trazer o Sensei Pula para dar aulas nos dojos desta zona do país. Bem, depois é o esforço de cada um, mas temos, uns mais que outros, marcado presença todos os meses no Hoitsugan e nas actividades associativas regulares (treinos de instrutores e de competição, estágios regionais e nacionais, cursos da JKA-Potugal, curso no Japão, e, quando somos convidados, em algumas aulas “especiais”).

Nos Açores já há um grupo significativo de instrutores que se apoiam uns nos outros e esse, parece-me a mim, é o grande trunfo. Apesar de todas as contrariedades a verdade é que, têm um excelente nível técnico e são uma referência no panorama do karaté nacional. Parabéns!

A difícil luta contra o isolamento será eterna, mas nunca nos vai demover de continuar a praticar o karaté.

sábado, 15 de agosto de 2009

Estágio de Verão 2009

O que é bom acaba rápido! Assim foi com mais este Estágio de Verão da Marinha Grande.

Há cerca de 7 ou 8 anos, em jeito de brincadeira, falámos com o Sensei Pula para vir dar uns treinos à malta no Verão, pois estávamos de férias, não tínhamos de dar aulas e era uma oportunidade para, nós instrutores, treinarmos. Em troca arranjávamos-lhe alojamento.

Os anos foram passando e daquele grupo de meia dúzia de instrutores somos agora mais de 50 a participar no estágio.

A semana sabe a pouco, pois as classes são intensas e cheias de acção. O pessoal aparece e vem cheio de garra, pois as férias trazem saudades do karaté.

O Sensei Pula esteve ao seu melhor nível. Deu excelentes treinos, deixou muita matéria a ser desenvolvida nos dojos e lidou de forma inteligente com os presentes.

No último dia, à semelhança das últimas edições, foi o Sensei Peté a chefiar a instrução. Simplesmente genial!

Quero fazer um reconhecimento do empenho fora de série do Sempai Edgar Calvete! Além de ser um óptimo praticante é um organizador sem igual. Altera a sua vida em função deste evento, abdicando de tudo em prol desta semana de karaté. Se este estágio é um sucesso, muito se deve ao nosso grande amigo Edgar!

Em jeito de conclusão posso afirmar ter sido mais um bom estágio e já estamos a pensar no Verão 2010!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Karaté falha Olímpicos



Ainda não foi desta que o karaté se tornou modalidade olímpica…

No decorrer desta semana recebi informação, divulgada pela Rossane Garcia e oriunda do Sensei Jaime Sequeira Pereira, que, o karaté estava na eminência de tornar-se olímpico.

Pois é, o Sensei Jaime tinha razão quando disse que, a votação da Associação Internacional de Imprensa Desportiva (AIPS) é meramente indicativa. Ficou o bom presságio do karaté integrar a lista das modalidades olímpicas, depois da AIPS tem votado nesse sentido, mas esta associação não tem, com muita pena nossa, qualquer peso na escolha do Comité Olímpico.

O karaté foi preterido a favor golfe e râguebi 7. Não era fácil concorrer com o golfe, quando já foi olímpico em 1900 e 1904 (Paris e St. Louis) e, por exemplo, tem uma das maiores figuras do desporto mundial, o norte-americano Tiger Woods, afirmar querer competir nos jogos de 2016.

Assim, o Comité Olímpico Internacional vai propor, à Assembleia Geral, o golfe e râguebi 7 para integrarem os jogos de 2016.

Também o pugilismo feminino vai integrar, já em 2012 (!), a lista. Desta forma o pugilismo deixa de ser a única modalidade de verão destinada só aos homens.

Os outros desportos ainda não incluídos, para além do karaté, são o softball, squash, patins em linha e o basebol.

Já agora adianto que ainda não foi escolhida a cidade organizadora. Os Jogos Olímpicos têm uma particularidade, são realizados numa cidade e não num país. Os candidatos são Rio de Janeiro (Brasil), Baku (Azerbaijão), Chicago (EUA), Doha (Qatar – o nome deste país aparece escrito de 4 formas diferentes…), Madrid (Espanha), Praga (Republica Checa) e Tokyo (Japão). Pessoalmente gostava de Madrid, pela nossa proximidade, ou Tokyo, pela afinidade pessoal à cidade.

Em 2012 os Jogos Olímpicos vão realizar-se em Londres (Inglaterra).

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Jantar do Jota


Ontem, na Barreira – Leiria, cumpriu-se o prometido, o jantar na adega do Jota!

Posso garantir uma coisa, foi dos melhores jantares que tive em toda a minha vida!

O Carlos (“gerente” do Restaurante Jota), há cerca de um ano atrás teve o “azar” de prometer um borrego, para ser comido na adega. O tempo foi passando e por falta de oportunidade, ora de uns, ora de outros, nunca mais jantávamos o dito prato especial.

Pois bem, ontem reuniram-se as condições ideias e lá rumámos até à quinta do Jota. Lindíssimo! Eu adorei! E a julgar pelos comentários do pessoal não fui o único! Sem requinte turístico, ali está tudo ao natural e o espaço é perfeito para este tipo de convívio.

O Carlos esteve de faxina à cozinha e à sala, preparou tudo à maneira. Não lhe conhecia os dotes de culinária, formidável! O borrego e batatas assadas num forno a lenha saíram 5 estrelas! Depois são aquelas coisas ali do campo, salada, fruta, vinho. Ui, o vinho… Para mais tarde recordar e chorar por mais…

Como se não chegasse o Sensei Mota trouxe morcela e ananás dos Açores. Quando forem a São Miguel experimentem a morcela de lá, ficámos todos encantados.

Mas o repasto foi, no verdadeiro sentido da palavra, no meio da adega, ao som de música tradicional.

Durante a janta, entre muitas outros assuntos, lembrámos os colegas habituais dos jantares no Jota, o Sensei Alexandre Cabrita, Gato e Abel. Como estão de férias, com muita pena nossa, faltaram a este treino especial.

Não posso deixar de agradecer publicamente ao Restaurante Jota e muito especialmente ao Carlos por este inesquecível jantar, que ficou para a história! Muito obrigado!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Assembleia-Geral FNK-P



Depois da bronca na última Assembleia Geral da Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P), houve a necessidade de marcarem outra.

Desta vez só tem um ponto na ordem de trabalhos, apreciação, discussão e votação da alteração de estatutos imposta pelo decreto-lei nº 248-B/2008, de 31 de Dezembro.

Estive a ler o decreto-lei e, assim de repente, parece-me bem.

Só com esta alteração aos estatutos da FNK-P permite manter o estatuto de utilidade pública desportiva. As vantagens são enormes, pois permite participar na política desportiva nacional, estar presente no Conselho Nacional do Desporto, ter direito às receitas consignadas por lei, serem reconhecidas as selecções e representações organizadas pela FNK-P, estar filiada e participar nos organismos internacionais reguladores da modalidade, usar os símbolos nacionais, atribuir títulos nacionais, etc.

Só não percebo uma coisa, com tantos factores em risco como é que não aprovaram a alteração à primeira!...

Já agora, e aproveitando a “embalagem”, sabem que a ASKP é a 2ª associação de karaté com mais votos? Exactamente! 933 votos, correspondentes à média de inscrições de praticantes na FNK-P nas duas últimas épocas. Em 2007/08 812 inscrições e em 2008/09 1053, mas não estão contabilizados os colegas dos Açores. Na assembleia cada inscrição é um voto.

Contei 74 associações com direito de voto, sendo o CPK a maior de todas, com 2.331 inscrições.

Ainda neste campo quero fazer um comentário. Há por aí umas associações muito grandes, mas só têm “meia dúzia” de inscritos… Opção? Esquecimento em inscrever os praticantes? Bem, da tenda sabe o tendeiro. Mas sei de histórias de pessoal que jura a pés juntos estar inscrito e depois vai-se a ver e não estão!

A assembleia terá lugar no Novotel, em Lisboa, a 23 de Agosto de 2009, com início às 10H00.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Estágio da Marinha Grande

Aula de ontem

E o Estágio de Verão de Karaté da Marinha Grande já começou.

Começou da melhor forma, com mais de 40 karatecas no 1º dia! Nos outros anos, nesta fase éramos meia dúzia deles e depois, com o passar da semana, lá as fileiras iam engrossando.

Muitos colegas avisaram só poder participar no estágio mais para o fim da semana, por isso esperamos vir a ter o pavilhão bem composto.

Saliento o grupo de graduados presentes, 26 cintos castanhos e pretos. Com colegas de vários pontos do país, nomeadamente Alcobaça, Algueirão, Almada, Covilhã, Leiria, Marinha Grande, Monte Real e Ponta Delgada.

Mas vamos lá ao que interessa. O aquecimento ficou a cargo do Sensei Nelson (Alcobaça) e logo a seguir o Sensei Pula pegou na aula. Veio inspirado e depois de um breve passagem pelo kihon, veio um cheirinho a kumité – ippon, gohon e um mix ao jeito do sensei. Já no final da aula treinámos duas heian (shodan e nidan) e a bassai dai.

Posso garantir que foi um treino à Sensei Pula, sem blá, blá, blá e com muita acção!

Hoje, quinta e sexta-feira há mais. No sábado, às 10H30, é a vez do Sensei Peté.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Kyusho


Pode-se traduzir por pontos vulneráveis, primeiro instante ou “partes baixas”. Geralmente utiliza-se a 1ª, mas há muita gente que adopta a segunda! Quando se fazem uns treinos percebe-se porquê…

O estudo de Kyusho é aprender a manipular e utilizar esses pontos vitais para o aumento da eficiência e possibilidades em qualquer área da vida quotidiana.

Em algumas artes marciais é considerada como uma disciplina, da mesma forma que no karaté temos o kihon, kata e kumité.

Para ter um karaté realmente efectivo, é necessário aprender os fundamentos da anatomia humana, fisiologia e primeiros socorros. Não é mais nem menos que estudar kyusho.

Durante alguns séculos, à semelhança das artes marciais japonesas, foi matéria mantida em segredo.

Nos últimos anos, alguns de nós começámos a ficar despertos para a importância do treino de kyusho e hoje, em importantes organizações de karaté, como é o caso da JKA, começa aparecer nos cursos de instrutores o estudo dos pontos vitais.

Pela mão do Mestre Pantazi, desenvolveu-se, segundo os programas das artes marciais, de uma forma extraordinária. Mas ainda há muito por desenvolver e até descobrir! Se no karaté é hábito dizer-mos já não haver nada para descobrir, no kyusho é ao contrário, ainda estão a ser feitas importantes descobertas.

Em Portugal, na minha opinião há dois excelentes instrutores, o Ricardo Gama e o João Ramalho. Ambos de karaté, são os responsáveis no nosso país pela divulgação e treino. Estão de parabéns, pois têm feito um excelente trabalho!

Se compararmos o karaté a uma flexa, então o kyusho é o veneno mortal na sua ponta.

Mestre Evan Pantazi

domingo, 9 de agosto de 2009

36 Famílias

Sensei Funakoshi (pai do karaté moderno)

Muitos de nós, e por não termos ainda dispendido algum tempo a pesquisar as origens do karaté, pensamos tratar-se de uma arte marcial recente.

O karaté foi desenvolvido, devido às características político-sociais, em segredo e os seus conhecimentos transmitidos pessoalmente aos alunos. Ninguém arriscava escrever sobre o assunto, sabendo que tais documentos podiam cair nas mãos erradas e provocarem graves problemas às famílias dos mestres e praticantes.

Mas há um facto importantíssimo na história do karaté. A fixação na aldeia Kume, do reino de Chuzan (actual região de Naha), Okinawa, das designadas 36 famílias de chineses mercadores.

Em 1392/3 (há mais de 700 anos!), estas famílias de funcionários oficiais chineses, enviados pelo Imperador Ming, tinham, entre outras, a missão da escrita oficial da ilha, mas também a partilha de conhecimentos de diversas artes e ciências.

Ora, para exibirem poder, manterem a ordem e a própria capacidade de auto-defesa, praticavam boxe chinês, Shaolim Zu Kempo e Chuan-fa.

Com o passar do tempo o ensino de artes marciais estabeleceu-se, até porque naquelas ilhas já se praticava um sistema comum de luta, conhecido por “ti” ou “te”. Assim novos conhecimentos marciais, chegados por estas 36 famílias, influenciaram o sistema já existente.

Estabelecidos contactos comerciais entre os locais e este grupo de chineses, algumas famílias japonesas mais abastadas e aburguesadas, incentivados por estes novos vizinhos, enviaram seus filhos à China para completarem a sua educação. Chegados ao continente chinês também aprenderam e aperfeiçoaram os métodos de luta tão populares naquele imenso país e levaram de volta às ilhas Ryukyu (actual Okinawa) a influência destas artes marciais.

Estas 36 famílias foram, sem qualquer dúvida, um marco relevante na história do karaté.

sábado, 8 de agosto de 2009

Sensei Jaime vs FNK-P



Há alguns diferendos entre o Sensei Jaime Sequeira Pereira e a Federação Nacional Karaté – Portugal, em particular com o Presidente, o Sensei João Salgado.

O Sensei Jaime é, seguramente, um dos mestres de karaté mais antigos em Portugal e é, entre outras funções, o instrutor-chefe da Karaté Goju-Ryu Portugal.

Entre os vários pontos de discórdia há um mais recente e de maior relevância, o reconhecimento da graduação do Mestre Jaime.

A FNK-P, para já, não reconhece o 8º Dan atribuído pela World Karaté Federation (WKF). Nestes conflitos há sempre, e pelo menos duas, formas diferentes de ver o assunto. Como ainda não percebi bem as razões de uns e de outros e também porque não quero tomar parte de uma das facções, até porque são assuntos que não me dizem respeito directamente, vou dizer, por tratar-se de um assunto do karaté nacional, o que penso.

Se um organismo me atribuísse uma graduação e outro não o reconhecesse, eu, não me preocupava minimamente. Por exemplo, se a JKA me graduasse em 3º Dan, a FNK-P não reconhecesse e eu estivesse de consciência tranquila, nada me incomodava. Mais, a chegada a um grau superior é, ou deve ser, sinónimo de obtenção de um grau superior de humildade. Recordo quando o Sensei Peté atingiu o 7º Dan JKA, eu estava lá. Ficou a impressão que ficámos nós mais contentes que ele! Até nos pediu para não andarmos por aí a falar disso! Há coisas nossas e a nós nos pertencem!

Por outro lado, se tivesse na FNK-P e alguém entregasse comprovativos de um título homologava-o de imediato, até para evitar males entendidos. Mas também compreendo a posição da federação, há por aí uns papa graduações e têm de por ordem no país.

Peguei neste assunto por ser sempre actual! Por vezes parece que caiem graduações do céu, feitas nem sabemos bem por quem. Ou sabemos e fingimos não saber…

Acham normal alunos passarem, em graduação, os instrutores? Instrutores que nunca pararam de treinar e se mantiveram sempre na vanguarda! E colegas ultrapassarem, em graduação, outros colegas? Eu não acho normal! Mas há gente sedenta de gritar aos céus seus grandes feitos, como, por exemplo, a obtenção de mais dan’s por examinadores, no mínimo, duvidosos e sem formação específica. A formação destas pessoas teve falhas e nunca vão conseguir atingir um verdadeiro nível superior. Vão limitar-se a serem os galos nas suas capoeiras…

Enquanto a FNK-P não fizer exames de graduação e se limitar a homologar as graduações vamos ter sempre este tipo de problemas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Seminário do IDP



Nos dias 12 e 13 de Setembro, no Auditório do Complexo Escolar Parque das Nações, Lisboa, vai decorrer o 10º Seminário Internacional Sobre Treino de Jovens, organizado pelo Instituto do Desporto de Portugal.

Destinado a todos os treinadores de jovens, independentemente do desporto praticado, centra a transmissão de conhecimentos específicos a quem lida com alunos nesta faixa etária.

O seminário terá um conjunto de formadores fabulosos que passo a discriminar:

1. Sidónio Serpa, doutorado em ciências do desporto. Com uma tese em psicologia do desporto. Esteve presente nos jogos olímpicos de Atlanta e Sidney, como técnico e especialista da equipa de vela.

2. Mário Guimarães, mestre em educação, sendo o Director do Departamento de Desporto da CM de Lisboa. Foi treinador de selecções em voleibol e ginástica.

3. Carlos Gonçalves, doutorado em ciências do desporto. É docente de pedagogia do desporto e planeamento e educação física da Universidade de Coimbra.

4. Istvan Balyi (Canadá), especialista de renome mundial na preparação a longo prazo dos praticantes desportivos. Professor na Universidade de Victoria, Canadá.

5. Jackie Fairweather (Austrália), atleta internacional de triatlo, está ligada a trabalhos de alto rendimento em diferentes modalidades.

6. Jean Côté (Canadá), docente da Queen’s University, Ontário, Canadá, está ligado à preparação desportiva juvenil.

7. John Lyle (Inglaterra), especialista em formação de treinadores, professor da Escola de Psicologia e Ciências do Desporto da Universidade de Northumbria, centra os seus estudos na intervenção do treinador.

Já participei num destes seminários, hoje vou enviar a minha inscrição e posso garantir tratar-se de uma acção de formação com uma qualidade extraordinária. Quem estiver presente recebe créditos para a FNK-P.

A inscrição tem o valor de 40,00EUR, a data limite é o dia 04 de Setembro e só há 400 lugares.

Algum esclarecimento consultem o site www.idesporto.pt

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Aula no Hoitsugan

Sensei Peté

Ontem, na companhia do Sensei João Rosa, Diogo Ribeiro, Filipe Monteiro, João Paulo, Nuno Pires e Marco Patrício, fui treinar com o Sensei Peté, ao Hoitsugan, Lisboa.

Foi hora e meia muito rápida! Não sei se sentem o mesmo, mas as aulas com o Sensei Peté passam de uma forma súbita, quando nos apercebemos estamos na saudação final.

Uma classe dedicada aos pormenores básicos, como o tsuki, mae geri e desenkutsu dachi. São estes fundamentos que alicerçam o nosso karaté, sem eles todo o resto cai por terra.

Querer treinar técnicas ou fundamentos avançadas sem dominar por completo a essência é um erro. Mais, por muitos anos de prática que tenhamos devemos ter sempre presente as bases e voltar a elas diariamente!

Mas todos nós sabemos, o karaté tradicional não é para todos! Ele é duro, forte, exaustivo e muito cansativo. Mas quando praticado de verdade é infinito.

O suporte deste karaté são os princípios legados pelos nossos antepassados. Quem renúncia a eles está, pura e simplesmente, a afastar-se da arte.

Na viagem de regresso viemos a falar de nós, mas também dos outros… Bem sei que é feio falar dos outros, mas às vezes é mais forte que nós e a conversa é como as cerejas… Hoje, e com base na reflexão dessas conversas e da aula do Sensei Peté, veio-me ao pensamento um instrutor de karaté e da sua escola. Os seus alunos anunciavam técnicas novas, avançadas, evoluídas. Durante algum tempo andei a pensar naquilo e a tentar desvendar o mistério, mas foi inconclusivo, havia tanto mistério que ninguém falava. Mas é assim, no karaté já não há nada para inventar, já está tudo inventado! E quem se afastar destes fundamentos abandona o estilo que anuncia (Shoto, Wada, Shito, Gojo, etc) ou o próprio karaté! Passa a praticar outra “coisa”. Conheço um outro instrutor da nossa região, mas esse assumiu-se (!), passou a fazer e anunciar karaté free style. Ah! Ainda há aqueles que agora anunciam uma de Zen! Como diz um grande amigo meu, é tudo “show off!”.

Infelizmente há instrutores a viver em mundos de fantasia e pensam ter atingido um tal nível de mestria que, já se sentem com capacidade de inventar, misturar ou anunciarem verdadeiras barbaridades.

Vou dar a minha opinião, uns e outros, ainda que em dimensões diferentes, são todos farinha do mesmo saco.

Por vezes, nem que seja de uma forma mental, temos de nos colocar uns ao lado dos outros e comparar…


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Intrutores de Karaté



Hoje, depois de ter passado bastantes dias a pensar e a reflectir, escrevo sobre um tema que me atormenta e me persegue constantemente. As qualidades dos instrutores de karaté.

Muito há para discutir sobre este assunto, mas vou focar a minha atenção em aspectos, no meu entender, mais importantes, como é o caso do consumo de drogas, práticas delituosas e má formação pessoal.

Todos sabemos das conexões existentes nas diversas áreas da nossa vida. Não podemos despir o do-gi, vestir a “pele” de outra personagem e pensar que estão dissociadas!

E depois há a responsabilidade de termos crianças e contribuirmos, e de que maneira (!) na sua formação e educação.

Então um instrutor pode, ou deve, andar a apregoar valores e praticar acções contraditórias às promovidas nas aulas? Sabendo que os seus alunos, familiares ou amigos vão ter conhecimento desses acto vergonhosos. Ou consegue andar sempre a coberto? A verdade é como o azeite…

Infelizmente esses indivíduos continuam por aí a leccionar a nossa nobre arte e alguns infortunados, uns por desleixo, outros por falta de informação, colocam os seus filhos nas mãos de verdadeiros marginais e criminosos! Sim, criminosos! Porque andarem aí a fazer cobranças difíceis, burlar as pessoas e outras coisas relacionas com drogas ilegais (…), são crime!

Com que cara se olha ao espelho um indivíduo consumidor de estupefaciente (e haxixe, ecstasy ou cocaína são estupefacientes!) e é instrutor de karaté?! Ah! Já sei a resposta! É tudo mentira e é um conjunto de mal entendidos… Pois é, mas quando são submetidos ao controlo anti-dopping não há mal entendidos, ou há?! Bem, se calhar trocaram as amostras…

Mas também não vejo com bons olhos instrutores andarem por aí a beber álcool e fazerem figurinhas… As crianças têm uma imagem do seu “professor”, alguns até lhes chamam mestre (!) e depois descobrem coisas do arco-da-velha. São desilusões enormes e o karaté sai a perder.

Há uns dias tomei conhecimento de mais uma escola de karaté em Leiria. Pessoalmente sou, e acreditem que sou mesmo, a favor da abertura de centros de karaté, vejo isso como benéfico para as escolas de qualidade. Mas desses dojos o karaté e a nossa cidade não precisa!

Acreditem, às vezes apetecia-me chamar os burros pelos nomes e tratar mal essa gente, mas é melhor assim…

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Estágio de Verão


Sensei Pula

É já na próxima semana, de 10 a 15 de Agosto, que se inicia o Estágio de Verão da Marinha Grande, organizado pelo Centro de karaté da Marinha Grande, com a colaboração da secção de karaté da ARDOG.

O que começou com uma brincadeira, num convite ao Sensei Pula para vir passar uma semana de férias a São Pedro de Moel e em troca dava umas aulitas ao fim do dia. Tornou-se numa importante actividade integrada no calendário da ASKP, onde marcam presença importantes instrutores nacionais. Os anos foram passando, já não sei bem quantos, e cada vez há mais interessados em participar.

Este ano, as aulas são na Escola Nery Capunho, na Marinha Grande, sempre às 19H30. Crianças e adultos treinam juntos sob a orientação do Sensei Pula.

No sábado, para o encerramento do evento, temos a presença do Sensei Peté e depois uma almoçarada e piscina.

Confirmada estão alguns importantes instrutores nacionais, caso do Sensei Ilharco (da Covilhã) e do Sensei António Mota (de Ponta Delgada, Açores).

Na quarta-feira, dia 12, não há treino. A culpa é do Carlos, do Restaurante Jota, que vai fazer uma jantarada na sua adega…

Todos os interessados, independentemente da sua orientação associativa, contactem os responsáveis do evento e apareçam. No final o tempo ali passado não ai ser dado como mal gasto!

domingo, 2 de agosto de 2009

Balanço da Época

Abril 2009, instrutores JKA-Portugal no Honbo Dojo da JKA durante o Gasshuku
Em cima: Sensei's Reinaldo Rodrigues, João Cardiga, Peté Pacheco, António Pula e Jordão
Em baixo: Sensei's João Rosa, Bruno, José Ilharco, Liliana Madaleno e Nuno


E chegámos ao fim de mais uma época! Como o tempo voou!

É agora tempo de fazer uma reflexão e um balanço de tudo, dos acontecimentos bons e maus. Só assim se podem corrigir erros e avançar mais forte.
Abrimos, em fase “experimental”, o dojo de Monte Real. Passados estes meses todos podemos afirmar ter sido uma boa experiência e um sucesso, ainda que relativo! Neste dojo só inscrevemos 30 praticantes na ASKP, mas alguns, por terem iniciado os treinos já muito tarde, optámos retardar a sua legalização e aguardar por Setembro de 2010. Recordo que naquela vila houve, durante vários anos, um centro de karaté e a população local ficou muito mal impressionada com a arte, pois os instrutores da altura deixaram muito a desejar, mas isso são outras conversas para serem discutidas noutros locais… Contudo, importantes praticantes adultos voltaram a treinar e tornaram-se a coluna vertebral do centro, caso da Andreia Sobreiro, Christelle Nascimento, Joaquim, João Cordeiro, Rute Pereira, Stéphanie Nascimento, Tiago Pires.
Em Leiria (ARDOG), foi o ano zero. A mudança do BH para os Outeiros da Gândara trouxe-nos, numa fase inicial, alguns dissabores, mas o tempo veio dar-nos razão e foi uma aposta ganha! O número de praticantes aumentou, o grupo regenerou-se, tornou-se muito mais forte e unido. A vinda de vários colegas de outros centros foi uma mais-valia, pois são excelentes karatecas e com grande dinamismo, caso do Diogo Ribeiro, João Paulo, Lénea Valentim e Nuno Pires.
As aulas com o Sensei Pula, última sexta-feira do mês, tornaram-se pontos de encontro de todos os interessados em treinar karaté JKA, independentemente da sua cor associativa. O pavilhão chega a ser pequeno para tantos praticantes. Nestas aulas, a ajudar o Sensei Pula, estiveram sempre presentes outros importantes instrutores nacionais, caso dos Sensei’s Reinaldo Rodrigues, José Ilharco, Alexandre Cabrita e Hugo Gato.
Realizámos, a 20 de Junho, o estágio. Apesar de terem faltado muitos praticantes dos nossos centros, mais de 30 (!), ainda assim o pavilhão dos Pousos teve cerca de 170 karatecas!
A nível competitivo foi o melhor ano de sempre, com a Andreia Sobreiro, Andrew Leão, Bruno Henriques, Guilherme Ferreira, Lénea Valentim, Luís Alves, Rute Pereira e Stéphanie Nascimento a subirem ao pódio em provas da FNK-P, JKA e ASKP.

Os praticantes mais antigos atingiram graduações avançadas confirmando estarem em excelente forma, caso do Christelle Nascimento, Filipe Monteiro, João Cordeiro, Jorge Gaspar, Luís Alves, Stéphanie Nascimento e Ângelo Xavier.
Ganhámos 3 novos instrutores, cheios de energia e super motivados, Diogo Ribeiro, Lénea Valentim e Stéphanie Nascimento. Outros estão a dar passos fortes nesse sentido.
A nível pessoal foi um ano francamente positivo. Mais uma vez marquei presença no curso de instrutores no Honbo Dojo da JKA – Japão, tornei-me árbitro da Liga de Shotokan e terminei o curso de 3 anos da JKA-Portugal com a letra E a instrutor/examinador/árbitro.
Graças ao Sensei José Ilharco, os centros de Leiria/Marinha Grande/Monte Real tornaram-se irmãos gémeos da Covilhã/Belmonte/Unhais da Serra. Os nossos agradecimentos ao Mestre Ilharco por tudo o que tem feito por nós!
Não posso deixar de passar em branco o total empenhamento e dedicação do meu grande amigo e mestre João Rosa! Sem ele todo este trabalho não teria estes excelentes resultados.

sábado, 1 de agosto de 2009

Parabéns!

Tokyo 2005, exame de graduação. Mesa do kata (examinadores Shian Sugira e Sensei Ueki)

A 01 de Agosto de 1949, nasceu o José Gomes Pacheco, o nosso Sensei Peté.

Em 1969, quando frequentava o 3º ano da faculdade, curso de economia, teve o primeiro contacto com o karaté. Este facto alterou-lhe por completo o rumo da sua vida! Deixou os estudos para segundo plano e abraçou por completo a prática do karaté.

Em 1972, na companhia de dois colegas de treino, empreenderam uma “viagem de loucos”, decidiram, imaginem bem, irem para o Japão de carro! Via URSS! Bem, não se esqueçam que estavam em 1972… Chegados à Bélgica, foram ao encontro do Sensei Myazaki, onde permaneceram algum tempo e acabaram por destruir, num acidente de viação, o meio de transporte… Com ajuda dos karatecas locais, entre eles o nosso conhecido e muito querido Sensei Dirk Heene, arranjaram trabalho e juntaram dinheiro para a viagem aérea até ao país do sol nascente.

Sem falarem uma única palavra de japonês, a não ser o famoso oss(!), lá chegaram ao Hoitsugan, onde foram acolhidos pelo Sensei Nakayama!

O Sensei Peté, entre milhentos episódios engraçados, acabou por ficar até 1975, treinou nos dojos dos Sensei’s Nakayama, Kanazawa e Honbo Dojo da JKA e atingiu a graduação de nidan (2º Dan).

Regressou a Portugal, onde encontrou um país pós 25 de Abril, mas não se adaptou completamente e decidiu, em 1977, regressar novamente ao Japão e, a convite do Sensei Nakayama, frequentou e concluiu o difícil curso de instrutores da JKA e atingiu a graduação de sandan (3º Dan).

Neste seu percurso, em 1972 sagrou-se em Shinjuku, no campeonato distrital, vice-campeão em kumité individual. Já em 1979, no campeonato do Japão, sagrou-se campeão em kumité equipa.

Em 2005, no Honbo Dojo da JKA, atingiu a graduação de nanadan (7ºDAN), e no ano seguinte a permissão de efectuar exames de graduação para 3º Dan.

O Sensei Peté é um dos grandes símbolos do karaté, um verdadeiro lutador e um homem cheio de coragem. Encara todas as adversidades da vida como o espírito do kumité e está num nível realmente impressionante, não conheço, em Portugal, ninguém assim.

Neste dia especial, em que completa 60 anos de idade, quero desejar-lhe os parabéns e agradecer tudo o que tem feito por nós.

Oss!