segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Campeonato da ESKA


Este fim-de-semana, entre os dias 27 e 29, em Wels - Áustria, decorreu o Campeonato Europeu de Shotokan, organizado pela europeu Shotokan Karate Association (ESKA).

Estiveram representados 24 Países, Alemanha, Andorra, Bélgica, Bielorrússia, Chipre, Escócia, Espanha, Hungria, Inglaterra, Irlanda, Israel, Irlanda do Norte, Itália, Lituânia, Mônaco, País de Vendavais, Polónia, Portugal, Republica Checa, Rússia, Sérvia, Suécia, Suíça e Ucrânia.

A prova foi para os escalões de Cadetes (16 e 17 anos), juniores (18 a 20 anos) e seniores (mais de 21 anos). Mais de 400 competidores lutaram para um Obtenção dos resultados melhores.

Portugal, esteve representado por vários competidores, árbitros, treinadores e Dirigentes. Obtivemos excelentes resultados em kata, nomeadamente primeiros lugares!

A ESKA, no nosso país, está representada pela Liga de Shotokan. Nesta Liga filiadas estão as mais importantes associações de shotokan nacionais.

domingo, 29 de novembro de 2009

Hikité

Sensei Pula

Volto a tocar num assunto polémico, o Hikité. Não pela sua execução, ainda que cada estilo tenha a sua própria forma de efectuar, mas pela sua origem, e é sobre a razão do seu aparecimento que vou focar este artigo.

Hikité significa puxar a mão. Hiki – puxar; Te – mão.
Numa breve busca facilmente encontramos diferentes correntes para a aplicação do hikité.
1. Uns defendem tratar-se de um puxão do adversário, através de uma parte do seu corpo (cabelo, braço, pescoço, roupa, etc), para que dessa forma possamos aplicar uma técnica mais eficaz e certeira com a outra mão. Nesta visão, defende-se ainda que, o nosso oponente fica destabilizado e inibido de atacar.
2. Outros falam do hikité como um ataque, por acção do cotovelo, para a retaguarda.
3. Depois ainda há quem defenda que gera energia – transmitida à mão que faz a técnica. Da mesma forma a aceleração das duas mãos estão intimamente ligadas, uma (a que recua) provoca o aumento da velocidade daquela que efectua o ataque ou parada. Aumenta, ainda, o equilíbrio e acrescenta energia rotacional à técnica. É essencial para maximizar a sincronizar os grupos musculares, originando mais kimé.
Tenha a origem e a interpretação que tiver, uma coisa é certa, temos de dar grande importância à execução do hikité! Não é por acaso que os nossos instrutores, em voz alta, quando estamos a treinar estão sempre a lembrar: HIKITÉ!

sábado, 28 de novembro de 2009

Katas...

Sensei Gichin Funakoshi a executar a Tekki Shodan

Na, ainda curta, vida do karaté, poucos, muito poucos, mestres criaram katas! Refiro-me a verdadeiros mestres!

Quando criaram katas, fizeram-no foi por necessidade do próprio karaté, entenda-se, dos praticantes. Nunca por outra qualquer razão, até porque o caminho do karaté é um caminho de humildade...

Em torno do Sensei Gichin Funakoshi há um grande consenso, foi de facto o “pai do karaté moderno”. Mas quantas katas criou ele? Na realidade apenas as Taikyoku! E porque necessitou de formas simples para os iniciantes na arte! Curiosamente, nos nossos dias e fora do Japão, quase ninguém treina as Taikyoku!…

Durante muitos anos as katas eram a base de todo o treino de karaté. Os karatecas sabiam cerca de duas katas e desenvolviam-nas durante anos. Nelas encontravam todos os conhecimentos para defesa pessoal, kihon, bunkai e kumité. Hoje, e contra mim falo, passamos ao de leve pelas katas. Nenhum de nós aprofunda o seu valor. Passam-se semanas sem praticarmos a nossa própria kata.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Iri-Kumi


No karaté há um conceito de kumité pouco usado por alguns de nós, mas bem presente em algumas escolas, o Iri-Kumi.

Temos o Jyu-kumité (combate livre) e o Randori (aplicação experimental de técnicas). Ora, o Iri-Kumi acaba por ser a mistura dos dois, ou seja, é um combate livre e contínuo onde é privilegiada a sequência técnica executada de uma forma contínua, sem tempos mortos.

Há dois tipos, a linha dura (GO) e a suave (JU).

Esta é uma das formas mais importantes para se desenvolver e colocar em prova a nossa humildade, pois devemos trabalhar e deixar o nosso colega de treino trabalhar e aceitar, humildemente, as limitações de quem está a treinar connosco.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Sensei Funakoshi a executar a kata Kanku Dai

Este artigo é baseado num excelente texto do meu amigo Sensei João Ramalho, referência nacional de Gojo Ryu e Kyusho.

Começo por referir que, esta é apenas uma teoria, com algum fundamento. Mas no karaté temos de manter todas as portas abertas!

Entre os anos 1756 e 1762, em Okinawa, integrado nas 36 famílias, esteve um mestre de artes marciais chinesas, o Sensei Kushanku.

Para transmitir os seus conhecimentos criou uma kata e ensinou-a a um dos seus poucos alunos, Sakugawa Kanga. Inicialmente a kata não tinha nome, mais tarde, em honra do seu criador, passou a chamar-se Kushanku.

Sakugawa Kanga, teve como aluno Itosu Anko, que modificou e desenvolveu a kata, criando 3 formas – Kushanku-Dai, Kushanku-Sho e Shio-Kushanku (?).

Ainda hoje, outros estilos também treinam variantes desta kata, por exemplo Sakugawa No Kushanku e Chatanyara No Kushanku.

O Mestre Itosu teve como aluno o Sensei Funakoshi, que, em 1930, altera o nome de Kushanku para Kanku (olhar o céu).

Era uma das katas preferidas pelo Sensei Funakoshi e é a única que não começa com uma parada, mas com a contemplação do céu. É das mais extensas, com 65 movimentos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Demonstrações

Ao longo da nossa vida marcial já nos cruzámos com inúmeras demonstrações de várias artes.

Todos nós sabemos os riscos dessas demonstrações! Quem as faz tem de estar bem treinado! Quando efectuadas em grupo tem de haver uma grande coordenação. Se incluírem crianças o risco aumenta brutalmente. Caso corra menos bem a ideia que passa é francamente negativa para todos.

Para realizar uma mostra pública tem de haver muito treino. Os participantes devem ser bem escolhidos de acordo com o público-alvo. Temos de conhecer bem o local onde vamos “actuar” e ter em consideração a dimensão, piso, localização do público, etc. Devemos mostrar à assistência aquilo que eles querem ver e valorizam e não o que nos dá mais jeito. A duração da exibição deve ser adequada e temos de evitar “longas-metragens”. Os tempos mortos são enfadonhos e as pessoas acabam por perder o interesse e distraem-se com outras coisas.

Mas se uma exibição corre bastantes riscos, os testes de quebra muitos mais. Aqui têm de ser praticantes vocacionados e muito bem treinados a fazê-lo! Os acidentes em testes de quebra têm alguma gravidade para os seus executantes e é preciso evitá-los.

Para obter bons resultados através das demonstrações temos de ter em consideração muitos factores. Quando bem feitas são uma mais-valia, quando mal executadas são motivo de chacota!

Aqui fica um teste de quebra mal feito... Neste caso não é de karaté, mas bem podia ser!


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Seminário sobre Desporto Adaptado


É já no próximo dia 27 de Novembro que, vai realizar-se o Seminário sobre Desporto Adaptado.

Este evento é uma organização conjunta da Federação de Desporto para Pessoas com Deficiência, Câmara Municipal de Cascais e do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.

Este seminário terá um vasto leque de prelectores, relacionados com especificidade do tema. O destaque vai para a presença do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Dr Laurentino Dias.

O programa é promissor e muito tentador!

Alguma dúvida ou mais informação contactem a Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência 219 379 950, rpublicas@fpdd.org e www.fpdd.org

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

XX Aniversário da ANAM

Sensei João Cardiga

Vinte anos, é uma vida!

A Associação Nacional de Artes Marciais (ANAM), comemorou ontem o seu 20º aniversário. Organizaram um almoço convívio em Caneças e muitos dos seus associados, familiares e amigos marcaram presença. Quem esteve presente encontrou um ambiente familiar e de proximidade entre todos. Foi um convívio extraordinário!

A vida da ANAM é a própria vida do seu fundador, o Sensei João Cardiga. Uma e outra confundem-se e estão intimamente ligadas. A ANAM é o espelho do Mestre Cardiga, tranquila, forte, com espírito de ajuda e fortes laços de amizade.

Gostei muito do discurso do Sensei Cardiga, sempre muito junto de todos os que o rodeiam e sem esquecer ninguém.

Houve três momentos que quero, pelo seu profundo significado, destacar. O discurso do Presidente - Sensei Sérgio Pio; simbólica homenagem dos alunos da Arroja ao seu Instrutor (mais uma vez Sensei Sérgio); e discurso do Tiago Santos, com a entrega do seu equipamento, utilizado nos surdolimpicos, à ANAM/Sensei Cardiga.

A ANAM é uma associação com muito “sangue novo”, cheia de gente nova, repleta de excelentes acções e com grandes valores individuais no karaté nacional.

Agradeço o convite do Sensei Cardiga e desejo, à ANAM, a continuação do excelente trabalho.

Parabéns!


domingo, 22 de novembro de 2009

XII Copa de Espanha

Nuno Moreira, um dos melhores competidores nacionais

No próximo dia 28 de Novembro, em Santa Cruz de Tenerife, Espanha, a Real Federación Española de Karate vai realizar a XII Copa de Espanha.

A Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P), pelo seu seleccionador nacional – Sensei Joaquim Gonçalves, seleccionou quatro competidores nacionais para participarem neste importante torneio. Dois em kata e dois em kumité.

Assim, os competidores lusos para kata são a cadete Patrícia Cardoso (do NPK) e o sénior Jorge Caeiros (do CPK). No kumité a júnior Inês Rodrigues (do AKKP) e o sénior Nuno Moreira (do AKKP). A escolha para tão poucos participantes não terá sido fácil, mas uma coisa é certa, vamos estar muito bem representados!

Resta desejar boa sorte.


sábado, 21 de novembro de 2009

Treino com Sensei Pula

Aula de ontem

Ontem, na ARDOG – Leiria, realizou-se o 3º treino da época com o Sensei Pula. Habitualmente o Sensei vem a Leiria na última sexta-feira de cada mês, mas desta vez tivemos de antecipar para ontem, devido à sua participação, no próximo fim-de-semana (último do mês), no campeonato da European Shotokan Karaté Association (ESKA).

Desta vez veio acompanhado dos Sensei’s Alexandre Cabrita e Hugo Gato e do Abel. Sempre, uma mais valia para quem faz este tipo de aula, pois deles recebemos bastantes conhecimentos.

Centrou a classe em pormenores básicos, mas importantíssimos, dando continuidade ao estágio do Sensei Kurasako. Então, os pormenores basearam-se no avançar sem mudar a altura do corpo, flexão dos tornozelo e a rotação das ancas.

A sala, apesar de terem faltado bastantes praticantes, esteve cheia nas duas aulas (crianças e adultos). No total mais de 70 karatecas.

Da Covilhã, deslocou-se, mais uma vez (!), o Sensei Ilharco, acompanhado de três alunos graduados. De Alcobaça vieram dois dos praticantes mais graduados. O Sensei Nelson, de Alcobaça, ainda está a recuperar da lesão do ombro esquerdo e não pode estar presente.

Em Dezembro há mais. Quem quiser treinar com este excelente mestre basta aparecer.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

XIII Festival de Artes Marciais


Hoje, dia 20 (!), recebi, à semelhança dos restantes colegas karatecas, um convite (informação) para participar no XIII Festival Internacional de Artes Marciais, integrado nas comemorações dos 45 anos de karaté em Portugal.

Este evento terá lugar na cidade de Évora, amanhã, no Espaço Arena d’Évora e é organizado pela Associação de Amizade Portugal – Japão. No mesmo dia, e na mesma cidade, no Palácio Dom Manuel, também vai haver uma conferência.

No programa ainda constam estágios de artes marciais, nos dias 20 e 22, com instrutores estrangeiros. Os estágios contemplam o karaté, aikido, kendo e ju-jutsu.

Haverá uma demonstração, para além das artes acima referidas, também o kyudo, judo e batto-jutsu vão mostrar as suas virtudes.

As conferências incluem os temas “Pedagogia e Didáctica do Karaté” e “O Budo em Portugal – passado e presente de um relacionamento intercultural Portugal – Japão” e o lançamento do livro “A génese do karaté em Portugal”.

Mais detalhes podem ser consultados em www.cao.pt/budo_meeting_convite.pdf; www.cao.pt/FIAM.pdf e www.cao.pt/conferencias.pdf

Agora quero fazer uma crítica. Há um provérbio que diz: “quem me convida na véspera, não me quer na festa”. Como é possível convidar os karatecas no próprio dia do evento? Bem, se nos quisessem lá, tinham-nos convidado há muito tempo. Até porque uma acção desta dimensão leva vários meses a preparar. É uma pena haver colegas fechados nas suas “casas”…

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Katas

Sensei Naka a executar a Nijushiho

Kata traduz-se por “forma”.

O Sensei Nakayama, nos seus livros O Melhor do Karaté, define por kata, combinações lógicas de técnicas de bloqueio e ataque em sequências pré-determinadas.

Existem duas categorias, umas apropriadas para o desenvolvimento físico, o fortalecimento dos ossos e músculos e outras destinadas a desenvolver os reflexos rápidos e a capacidade de se mover com agilidade.

Mas a prática de katas não se destina exclusivamente ao treino físico, neles a espiritualidade está bem vincada e são um ponto de partida para a sua execução.

Um dos pormenores importantes, durante a prática das katas, é o embusen. Que quer dizer linha de execução, ou seja, as trajectórias por onde nos movimentamos. Muitos de nós baralhamos o embusen com ponto de partida e de chegada.

Quando entrei na JKA e me diziam ser importante fazer a contagem certa dos movimentos nas katas não entendia porquê… Agora, quando treino com colegas de outras escolas, acho engraçado não saberem a contagem, sinónimo evidente do desconhecimento da kata!... Tão simples quanto isso… Por vezes pergunto-me, como são possíveis graduações avançadas sem conhecerem o karaté a este nível? Ou será que as katas não são importantes?!

O treino do bunkai não pode ser dissociado da kata. O conhecimento da sua aplicação em kumité enriquece o nosso karaté, e dá-nos “água pelas barbas”. A um nível mais elevado é obrigatório a sabedoria e aplicação do bunkai, sendo exigido em exames de graduação! Já agora, em algumas artes marciais japonesas ao que nós chamamos bunkai eles chamam kata, caso do Judo, Jujutsu, Kendo, ect.

No Shotokan há 26 katas. Se bem que grandes mestres, por várias razões, pratiquem outras oriundas de estilos diferentes ou de outras artes.

Todas as katas, à excepção da Kanku Dai, começam com uma defesa. Esse é o princípio do próprio karaté, que nunca inícia com um ataque.

O treino de katas é fundamental, e deve servir como base, na formação de todos os karatecas.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Saúde e Vida com um Coração Feliz

É já neste próximo sábado, dia 21, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, que vai decorrer o colóquio “Saúde e vida com um coração feliz”.

O objectivo é promover o conhecimento e a compreensão pública de como é ser criança ou adolescente com algum tipo de cardiopatia congénita.

Um grupo de médicos, enfermeiros e professores vão dirigir os trabalhos. Esta formação destina-se a país, médicos, enfermeiros, professores, treinadores, jogadores, psicólogos, estudantes de diversas áreas, entre outros.

Trata-se de uma iniciativa conjunta da Mixreel e Xis.o.Ypsilon e tem o preço de 5,00EUR. A Associação Coração Feliz estará presente neste grande evento contribuindo com o seu testemunho.

Mais informações no Teatro José Lúcio da Silva, bilheteira@teatrojlsilva.pt, 244 834 117, xis.o.ypsilon@gmail.com, 919 270 444 e www.xisoypsilon.com


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vídeos de Karaté

Hoje, em vez de palavras, e porque uma imagem vale mais que mil palavras, aqui estão uns vídeos de karaté.



Vejam a grandeza dos campeonatos da JKA no Japão, é curioso haver associações a quererem compararem-se…Neste, cerca de 4.ooo competidores...



Os Sensei's Chubachi e Kurihara, no decorrer do 52º Campeonato JKA, fizeram uma demonstração de ippon kumité. Excelente momento de karaté!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Campeonato do Mundo de Gojo Ryu


Em Setembro do próximo ano, na lindíssima Vila de Cascais, vai realizar-se o 1º Campeonato Mundial de Karaté Gojo Ryu.

A Federação Mundial de Karate Goju-Ryu (WGKF), depois de ter organizado, em Itália no ano de 2006, o campeonato pré-mundial, subiu o patamar e arrisca agora na organização de um evento mundial. Para nossa sorte escolheu Portugal! Este campeonato está aberto a todas as linhas do estilo, esperando-se uma grande participação.

No nosso país o Gojo Ryu tem uma expressividade enorme, com excelentes mestres a moverem vários milhares de praticantes. Não é por acaso que fomos escolhidos para realizar este evento mundial, deve-se ao grande trabalho desses instrutores. Parabéns!

Então, entre 29 de Setembro e 03 de Outubro de 2010, todos os caminhos vão dar a Cascais. Independentemente do estilo que praticamos é uma oportunidade única de ver grandes karatecas mundiais.

domingo, 15 de novembro de 2009

A Competição do Karaté


A história recente do karaté pode-nos levar por muitos caminhos e filosofias. Vou retratá-la de forma genérica, sem entrar em conceitos específicos de estilos ou organizações.

Quando o Sensei Masatoshi Nakayama já era Instrutor-Chefe da JKA, criou as regras competitivas do karaté, aprovadas pelo governo em 1952. Contudo, só em 1958, depois do falecimento do Sensei Funakoshi – que se oponha à competição e dizia “é como plantar flores num jardim de cimento”, surgiu o primeiro campeonato inter-estilos do Japão.

Mais tarde, importantes instrutores japoneses, enviados para vários países do mundo levaram a competição do karaté tradicional ao planeta inteiro.

Com o passar dos anos criaram o karaté desportivo e com ele nova filosofia e regras adaptadas a essa realidade.

No início não havia protecções, as provas realizavam-se no piso existente nos pavilhões, os treinadores e árbitros tinham pouco formação, os competidores pouco treino específico, havia pouco estudo/análise da competição, etc. Todos estes factores limitavam muito as provas.

Nos nossos dias a realidade é diferente. Entrámos, e aqui falo das competições das federações, num “karaté artístico” e científico, repleto de acrobacias, mas desprovidos, numa grande maioria de competidores, de valores marciais.

A competição, se for bem aproveitada, é uma mais-valia para o nosso desenvolvimento e para o nosso karaté. Caso contrário, é só mais um mau tributo à arte. Como diz o meu amigo Sensei João Ramalho, muitos campeonatos são “verdadeiras feiras de vaidade”! Quando assim é, não há vantagens, pelo contrário…

sábado, 14 de novembro de 2009

Tori vs Uke


Nas artes marciais japonesas há duas expressões vulgarmente utilizadas, para definir quem ataca e quem recebe os ataques.

Nós, no karaté, raramente utilizamos essas palavras, mas por vezes encontramos instrutores que o fazem. Levanto esta questão porque na formação do treino de elite, com o Sensei Pierluigi Aschieri, alguns dos presentes não sabiam o que ele estava a dizer.

Então, um dos praticantes é o Tori (por vezes também chamado por Shite) – aquele que defende e executa as técnicas de contra-ataque, e o outro é o Uke – aquele que cria as oportunidades para o outro defender/treinar.

Muitas vezes, durante os treinos de artes marciais nipónicas, o instrutor chama um praticante e manda-o escolher um uke para demonstrar algo.

Por exemplo, no Judo, Aikido, Jujutsu estas expressões são utilizadas diariamente.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Campeonato Nacional Sub 21

Estão abertas as inscrições para o campeonato nacional de Sub-21.

Até dia 27 de Novembro, a Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P), aceita as inscrições dos competidores interessados em participar nesta importante prova do calendário nacional.

O sorteio realiza-se a 04 de Dezembro e a prova a 13 de Dezembro, no complexo desportivo de Alcabideche.

Este campeonato está reservado aos nascidos entre 07 de Fevereiro de 1989 e 06 de Fevereiro de 1992, ou seja, quem tem entre os 17 e os 20 anos de idade.

Só há prova de kumité. Nos masculinos os 3 pesos são: -68kg, -76kg e +76kg. Nos femininos, também 3 pesos: -53kg, -60kg e +60kg

As regras são, obviamente, as da FNK-P. Alerto para a obrigatoriedade da utilização das protecções em vigor, assim como, a aplicação do regulamento para as pesagens.

Espera-se uma prova muito competitiva com muitas inscrições.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Competidores...


Há quem classifique o karaté de várias formas e todas, no meu entender, podem ser válidas.

Nessas classificações podemos dividir o karaté no tradicional e desportivo. Chamo este assunto à baila porque nos campeonatos da federação, e não só, vejo alguns atropelos na formação dos competidores. Neste caso concreto, no karaté desportivo.

Na nossa arte há, e tem de haver mesmo (!), várias etapas na vida do praticante. Não devemos passar por cima de algumas fases de treino do karaté. Tem de haver tempo de amadurecimento em determinadas graduações.

Mas se a ânsia, por parte dos praticantes, em obter resultados desportivos ainda tem alguma desculpa, a ganância de alguns instrutores, em levar títulos para casa, é intolerável!

A meu ver, não podemos criar competidores sem bases fortes de karaté. Antes de serem competidores têm de ser, obrigatoriamente, praticantes!

Nos campeonatos aparece rapaziada desprovida de karaté, andam por ali a fazer umas “coisas” esquisitas, que de karaté tem muito pouco e não abonam nada a nossa arte. Mas os culpados não são eles! Os culpados são quem os leva para ali, os convencem que são grandes competidores e foram prejudicados pelos árbitros…

Sejam bons praticantes. Se o forem, e não tenham pressa, poderão tornar-se bons competidores.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Árbitro vs Treinador


No decorrer de algumas provas competitivas tenho-me apercebido que, há muito boa gente sem saber as regras de arbitragem. Estou a falar dos campeonatos da Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P).

E quando assim é, cometem-se algumas gafes e fazem-se comentários/criticas desprovidas de fundamento. Por vezes, quando isso acontece, caímos no ridículo…

Depois, com as imposições da FNK-P, há treinadores a operar sozinhos com vários alunos a competirem em simultâneo em diferentes tatamis. E se alguns instrutores não estão por dentro das regras o que dizer dos praticantes?! Em inúmeros casos, esses competidores ficam sozinhos a competir, pois o seu treinador está noutro tatami. Mais, não podemos esquecer a idade de alguns miúdos, vejam o caso dos primeiros escalões etários…

É necessário haver uma partilha de conhecimentos entre árbitros, treinadores e competidores. Mais, tem de haver alguma tolerância, ajuda e compreensão.

Por outro lado, os treinadores devem estudas as regras, pelo menos as mais básicas… E os competidores também!...

No meu entender, a formação dos treinadores deve ter um estudo aprofundado das regras competitivas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Campeonato Regional Centro-Norte


Ontem, em Mangualde, decorreu o campeonato regional do centro norte, para os cadetes e juniores.

A prova, em termos gerais, correu bastante bem, com a organização do Pedro Veloso muito atenciosa a todos os pormenores. O director de prova, João Garcês, não deixou nada ao acaso e esteve sempre em cima de todos os acontecimentos, só no fim do campeonato é que voltou ao seu estado normal e foi então possível ver-lhe uns sorrisos. Pessoalmente só não gostei da temperatura do pavilhão, estava muito frio…

Nestes campeonatos pequenos o ambiente é mais “familiar” e há um convívio muito maior entre todos. É agradável falar e trocar opiniões com instrutores de outros centros.

Dos dojos da zona de Leiria foram 6 competidores, Bruno Henriques, Christelle Nascimento, João Marranita, Luís Lourenço, Rita Gaspar e Stéphanie Nascimento. O João Teotónio, por motivos de saúde, e o Luís Alves, por motivos pessoais, não puderam estar presentes, o que foi uma pena, pois esperavam-se excelentes resultados dos dois.

No kumité saliento a prestação do Bruno, do João e da Rita. O Bruno e a Rita tiveram uma excelente prestação e por isso ficou um sabor amargo com a classificação final. A Stéphanie esteve muito bem e sinceramente ainda não percebi como perdeu o 3º lugar de kata.

Então, em kumité, subiram ao pódio o Bruno Henriques (3º lugar), a Rita Gaspar, a Stéphanie Nascimento (ambas em 2º lugar) e o João Marranita (1º lugar).

Agora temos de treinar para o campeonato nacional.

sábado, 7 de novembro de 2009

Karaté de S Miguel


Hoje, vou escrever, ainda que de uma forma muito sucinta, de um grupo muito especial de karatecas. Refiro-me aos colegas de treino da Ilha de São Miguel, nos Açores.

Ao contrário de muito boa gente por este país fora, nomeadamente do continente, ignoram o facto de estarem afastados, mais que ninguém, dos grandes centros do karaté e trabalham essa “desvantagem” pelo lado positivo. Essa “luta” torna-os muito mais fortes e unidos, e a verdade é que são um grupo de referência no karaté nacional, e aqui não falo a nível associativo, mas sim no panorama geral do país! Não é por acaso que, por exemplo, formam, sem nunca deixar de lado o verdadeiro treino JKA, campeões nacionais nas provas oficiais.

Abdicam do conforto do lar e constantemente, com imenso sacrifício pessoal, deslocam-se ao continente para treinar e marcar presença em todas as actividades de relevância do karaté.

Assim foi, mais uma vez, no passado fim-de-semana. Do Karaté Clube de Ponta Delgada e do Clube de Karaté da Ribeira Grande deslocaram-se ao estágio da JKA-Portugal, ministrado pelos Sensei’s Kurasako, Peté e Pula, um grupo de 7 karatecas, de onde destaco, os incansáveis Sensei’s António Mota, Paulo Telheiro e Mário Cordeiro.

Estes instrutores nunca baixam os braços às dificuldades inerentes à prática do karaté, não esmorecem devido à posição geográfica onde residem e, por incrível que pareça, nunca pretendem tirar vantagens desses factos.

São um excelente exemplo para todos nós e eu tenho-os como referência. Têm o verdadeiro espírito do karaté e em especial da kata Bassai Dai, tornam a desvantagem em vantagem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Crianças

Um dia destes, em conversa com um amigo meu, treinador de futebol das camadas jovens, falámos do envolvimento das crianças nas actividades físicas.

As crianças, pratiquem elas o desporto que praticarem, são todas iguais. Este meu amigo definiu-as, no campo desportivo, como cruéis! E eu estou completamente de acordo com ele.

No caso da área dele, o futebol, narrou-me alguns casos concretos. Quando uma criança não joga tão bem quantos as outras é colocada de imediato à margem e ninguém lhe passa a bola. Se um dos rapazes tem uma particularidade física, os outros tratam de lhe colocar alcunhas. Fazem grupos dentro das equipas, discriminando os mais fracos ou menos hábeis.

Não se pense que estas situações são exclusivas do futebol. Passa-se o mesmo, com maior ou menor gravidade, nos restantes desportos.

Mas se as crianças são como são, as artes marciais incutem-lhes outros valores e elas agem de outra forma.

Não vejo ninguém a gozar com os mais fracos, com os que sabem menos ou com quem tem pouco jeito. Ajudam-se mutuamente, puxam uns pelos outros, unem-se em torno das dificuldades.

Muitas vezes o karaté é um refúgio para muitos miúdos(as), pois ali, apesar das suas enormes dificuldades, encontram compreensão e um lugar onde há espaço para eles, tal como são.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Campeonatos Regionais da FNK-P


Tal como estava previsto, a Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P) divulgou o sorteio e o programa do campeonato regional de cadetes e juniores, das zonas centro norte, centro sul e sul.

Como se esperava, há poucos competidores alinhar nesta prova. Penso ser hora da FNK-P fazer um balanço dos últimos anos e procurar, dentro de casa, as razões que afastam os praticantes deste tipo de prova.

Por outro lado, em detrimento das competições da FNK-P, temos vindo assistir a um aumento significativo de inscritos em algumas provas organizadas por clubes e associações.

A verdade é que as provas oficiais são aquelas organizadas pela Federação, as outras são a feijões… Mas com tantas imposições não é fácil estar presente nestes eventos.

Mais uma vez a nossa região vai estar representada, sendo um esforço enorme para todos os envolvidos. Desta vez, e estamos a falar do campeonato regional (!), temos de nos deslocar até Mangualde. Para quem não tem presente, Mangualde fica entre Viseu e a Guarda.

Voltando ao sorteio. Gostei de ver os karatecas representantes da ARDOG (Cortes, Leiria e Monte Real) e do CK Marinha Grande, em número de 8, no meio de excelentes competidores e com fortes probabilidades de se apurarem para o campeonato nacional. Em boa verdade, alguns, ao marcarem presença nesta prova, ficam apurados automaticamente para o nacional. Mas só o facto de estarem na linha da frente já é uma vitória!

Em Mangualde a prova inicia às 09H15 e termina, segundo o programado, pouco depois das 14H00.

Força aos nossos representantes, Bruno Henriques, Christelle Nascimento, João Marranita, João Teotónio, Luís Alves, Luís Lourenço, Rita Gaspar, Stéphanie Nascimento.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

European Karaté Federation


A European Karaté Federation (EKF) alterou a data do campeonato europeu de cadetes, juniores e sub 21.

A EKF marcou uma nova data para a realização destas provas, 6 e 7 de Fevereiro de 2010.

É óbvio que esta mudança origina algumas mudanças, pois pode haver competidores a alterarem, devido a fazerem anos, os escalões. A Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P) já emitiu um comunicado e pede para quem se encontre nesta situação entrar em contacto com o Director de Provas e Competições (Sr João Garcês).

Agora, devido a esta alteração, as inscrições para os campeonatos de cadetes e juniores das zonas norte, Açores e Madeira, têm de ter em consideração este facto, passando como referência 7 de Fevereiro.

Também o calendário de provas da FNK-P vai sofrer ajustes. Neste caso os campeonatos regionais seniores do centro sul e norte passam para 13 e 14, respectivamente.

domingo, 1 de novembro de 2009

Exames de Graduação

Edgar Calvete, 1º Kyu

O estágio de karaté da JKA-Portugal, com o Sensei Kurasako, foi um enorme sucesso e terminou da melhor forma, com a cereja em cima do bolo.

Refiro-me, claro, ao sucesso dos exames de graduação de dois importantes karatecas da nossa região, o Diogo Ribeiro e o Edgar Calvete.

O Diogo é um dos instrutores da ARDOG e responsável técnico do karaté das Cortes e, em breve, do Académico de Leiria. Ainda muito jovem (23 anos), tem um futuro promissor no mundo do karaté, pois tem bastantes qualidades físicas e uma boa formação cívica. Ao atingir a graduação de shodan, vulgarmente dita 1º Dan, esperamos que inicie esta longa caminhada com entusiasmo e empenhamento.

O Edgar é, seguramente, uma das grandes referências do karaté nacional. Não pela obtenção de títulos ou pela sua exposição perante os outros. Pelo contrário, é a sua humildade, discrição e o seu combate às inúmeras adversidades com que se depara diariamente no karaté, que o tornam um exemplo e uma referência para todos nós. Não quero escrever em nome de ninguém, sei que o podia fazer à vontade, mas ele é, realmente, um motivo de orgulho para todos nós. A obtenção do 1º kyu é, para agora, o culminar de uma longa e árdua dedicação à arte.

Em Portugal, de uma forma geral, há um mau hábito, vimos a chegada a shodan como um fim e não como um início. Quem o faz não pode estar mais enganado, pois o karaté começa em cinto negro!

E não se esqueçam, na nossa arte nem tudo são rosas! Temos de estar sempre preparados para qualquer tipo de combate.

Parabéns pelo shodan do Leandro Ribeiro, do CKL, e do Cabaço, do Laranjeiro.


Quarta Dimensão


Na execução das katas temos de dominar profundamente as três dimensões habituais à nossa vida, o comprimento (ou profundidade), a largura e a altura.

O domínio espacial, em todas as suas vertentes, tem de estar completamente controlado. É claro que, aliado a este facto, estão, inevitavelmente, as capacidades físicas condicionais (força, velocidade, resistência e flexibilidade) e as coordenativas (ritmo, encadeamento, equilíbrio, etc), assim como as mentais/emocionais (concentração, determinação, etc).

Mas, e é aqui que quero chegar, se a prática de katas, por todas as condicionantes atrás descritas, é difícil, o que dizer do kumité?!

No kumité há uma outra dimensão a dominar, e provavelmente a mais difícil, o tempo! Em combate temos de controlar, não três dimensões, mas quatro! Aqui há a inter-acção com o nosso adversário e no decorrer do combate temos de ter em consideração esse factor, pois temos de reagir a tempo aos seus ataques, defesas, movimentações, etc.

No nosso caminho de karatecas, e para nos preparar para esse importante factor (tempo), há o treino gradual do kumité. Devemos, obrigatoriamente, começar pelo gohon kumité, passar depois para o sanbon kumité, só mais tarde treinar o ippon, com o tempo, e depois de dominar estes, o jyu ippon kumité e por fim o jyu kumité.

Devemos respeitar estes passos, só assim vamos conseguir ter uma evolução sustentável e controlar a quarta dimensão.