Shoto

Durante muito tempo questionei-me porque não se houve falar do Shotokan de Okinawa.

É que Okinawa, um arquipélago do Japão, foi o berço do karaté. E o Sensei Gichin Funakoshi, considerado o pai do karaté moderno, nasceu e foi criado exactamente lá. Esta situação fazia-me alguma confusão. Ainda para mais, só ouvia falar do Goju-ryu com grande implementação naquelas ilhas. Bem, a razão é simples. O Sensei Funakoshi foi o escolhido para levar o karaté até à ilha principal. Como se tratava de um simples professor, funcionário do estado, deslocou-se para Tokyo e não teve grande margem de manobra para voltar a Okinawa. Então, acabou por se fixar na capital e por lá desenvolver o estilo Shoto.

Kyusho

Nas artes marciais japonesas existem uma “espécie” de disciplinas, como são o caso do kihon, kumité e kata.

Mas também há quem veja o bunkai e o kyusho como partes obrigatórias e integrantes das artes guerreiras. Sobre o kyusho quero tecer mais algumas considerações. O seu estudo e treino especializado é um excelente complemento ao karaté. Nele encontramos muitas respostas a tantas dúvidas que temos. Conseguimos desvendar alguns mistérios e solucionar várias questões que nos vão surgindo na prática diária da nossa arte. É que, o kyusho, é transversal às artes marciais. Quando temos a sorte de o aprofundar em relação ao karaté rapidamente entendemos vários aspectos e passamos a ter uma visão muito mais abrangente. Agora não pensem que faz milagres. Atenção! É um complemento! Tal como tantas outras actividades o são. Mas, como tudo na vida, não são só rosas. Pessoalmente acho os preços praticados um absurdo! Completamente desfasado da nossa realidade económica…

No próximo dia 09 de Abril, na ARDOG, vamos ter uma sessão de kyusho. Sinceramente vai ser uma mais valia e mais uma excelente oportunidade para entendermos o karaté.

Treino Sensei Pula

Ontem, última sexta-feira do mês, foi dia de treino em Leiria com o Sensei Pula.

O Sensei, de uma forma geral, quando se desloca à nossa cidade, traz com ele colegas de várias zonas de Lisboa e Almada. Tal facto, faz aumentar, e muito, a qualidade dos treinos, pois boa parte das vezes são instrutores e praticantes com grande experiência na nossa arte.

Ontem, não foi excepção, com o Sensei Pula veio o Sensei José Lopes (4º Dan JKA) e o Vital (2º Dan JKA).

A aula das crianças, apesar de só estarem presentes as de Leiria, esteve bem composta. Saliento que, foi das poucas vezes que as crianças da Marinha Grande, Monte Real, Cortes e Pataias não estiveram presentes.

A classe dos adultos teve pouco “movimentada”, com a ausência de alguns importantes elementos do karaté da região. Sei que não apareceram por motivos pessoais, mas a falta deles fez-se sentir.

Quem não veio, por motivos de saúde, foi o nosso amigo José Carlos, o instrutor de Porto de Mós. O Sensei José Carlos está internado no Hospital de Torres Novas, com um pequeno problema renal, há duas semanas.

Para o próximo mês há mais um treino com o Sensei Pula. Até lá temos muito que praticar e estudar, pois deixou matéria importante para ser desenvolvida.

Consequências do Terramoto

A brutal tragédia que assolou, e infelizmente continua assolar, o Japão está a ter repercussões nas artes marciais daquele país.

De uma forma geral, as artes marciais japonesas têm importantes actividades na altura da Primavera.

O karaté não foge à regra das restantes artes japonesas e o grosso das organizações mundiais sediadas no país de origem realizam os habituais cursos de instrutores nesta época do ano.

A Japan Karaté Association (JKA) tem dois cursos anuais, na Primavera e no Outono, efectuados no Dojo Central em Tokyo.

Devido ao recente terramoto, marmoto e agora a crise nuclear, a JKA anulou o curso que ia decorrer entre 14 e 17 de Abril. Assim, um conjunto alargado de instrutores nacionais vão adiar a viagem. Espero que o adiamento não seja significativo, pois eram boas notícias.

Curso da FNK-P

No passado fim-de-semana continuou a formação de treinadores da FNK-P.

Tivemos o enorme prazer de ter presente o Sr Presidente que, logo no sábado e na abertura dos trabalhos, fez um discurso muito forte.

Gostei muito de o ouvir. Mas para além de ter gostado de o ouvir, concordei com as suas palavras.

Parece-me a mim que há alguns formadores aproveitam o facto de ter ali “à mão de semear” algumas dezenas de instrutores de todo o país e fazem uma espécie de campanha eleitoral…

Sinceramente não me parece nada bem ouvir formadores a falar mal de algumas áreas da FNK-P. Há os locais próprios para o fazerem e ali os presentes estão para receber formação! Não me parece que haja pessoas a participarem naquele curso para ouvirem ideias de mudança de certas áreas, que nada têm a ver com a formação!

Sensei Mori

No passado fim-de-semana ficámos, a grande maioria de nós, a conhecer um pouco melhor do Sensei Mori.

Pessoalmente fiquei com a melhor impressão possível sobre ele! Aqui não me limito à parte técnica. Considero-o, pelo pouco que me apercebi, uma pessoa extraordinária. Um verdadeiro mestre!

Depois desta pequena introdução passo ao que realmente me faz hoje escrever. A vida do Sensei Mori depois do tremor de terra e do tsunami. Sim, porque parece-me que ele tem duas vidas distintas, uma antes e outra depois daquela catástrofe.

Como se não chegasse sabemos agora que o Sensei ao chegar a Sendai, sua cidade, teve conhecimento de ter perdido todos os seus haveres. Casa, dojo, bens pessoais. Tudo!

Conseguem imaginar-se nesta situação? Dá para pensarmos nesta tragédia enorme. Quando as coisas acontecem a quem não conhecemos tem um significado. Quando temos alguém conhecido envolvido tudo tem outra dimensão.

Errata

É com muito gosto que faço esta correcção neste post. Quando publiquei o post tinhamos a informação que o irmão do Sensei Mori tinha falecido. Felizmente estavamos errados! Parece que terá conseguido fugir e depois, com tanta confusão, deixaram de o conseguir contactar.

Estágio JKA

Terminou hoje o Estágio da JKA-Portugal, ao qual foi convidado o Sensei Mori.

A opinião unânime de todos os que marcaram presença, e felizmente foram muito, é que teve uma qualidade extraordinária.

Neste último dia saliento os exames de graduação de Dan. Realizaram-se 24 provas!

Esta quantidade de exames mostra a excelente saúde da organização, pois pode ser uma das formas de aferir o estado da associação.

Aproveitando a presença do Sensei Mori realizaram-se exames para além do habitual 3º Dan.

Mas como todos nós sabemos isto de atingir outro dan (nível) não são favas contadas! Felizmente continuamos com um grau de exigência elevado, o que obriga ao nível técnico manter-se sempre alto.

Podia salientar vários colegas que realizaram grandes provas. Desculpem-me os outros mas vou centrar as minhas atenções no Ângelo Xavier, um praticante aqui de Leiria. Obteve a graduação de shodan e na minha modesta opinião esteve num bom nível.

Estive, assim de cabeça, a fazer contas e contabilizei 12 cintos negros na zona de Leiria –Marinha Grande. Atenção, eu só falo da organização à qual pertenço. Claro que depois há os colegas de Alcobaça e Porto de Mós a engrossar a lista.

Atingir um novo Dan é um momento de júbilo! De todos e não só daquele que se submeteu à apreciação do Sensei. Parabéns a todos! Oss!

Estágio JKA

Este é o fim-de-semana do estágio com o Sensei Mori.

Ontem, no Hoitsugan, houve o habitual treino de instrutores, ministrado por este excelente mestre.

Ontem o dojo esteve cheio, com a presença de muitos instrutores de vários locais do país. Surpresa foi a vinda de 4 colegas italianos, sendo um deles o Davide, que passa bastante tempo no Japão. Também a presença do nosso colega Vasco, agora residente na Indonésia, foi uma agradável surpresa.

O treino de ontem centrou-se nos aspectos mais básicos do karaté. Tratou-se de uma grande lição da nossa arte!

Hoje, segundo palavras de colegas, o estágio na Margem Sul correu muito bem, com o pavilhão a tornar-se pequeno. É sempre bom juntar um vasto leque de praticantes.

Devo confessar estar encantado com o Sensei Mori. Saliento que, ele é da cidade de Sendai, brutalmente devastada pelo tsunami de ontem. Apesar de estar preocupadíssimo com a família e amigos, pois não estava a conseguir estabelecer contacto telefónico com ninguém de lá, deu um treino de excelência! É, de facto, um excelente mestre!

DoGi

Durante muitos anos ouvi histórias sobre o dogi do karaté. Histórias sobre significados, interpretações, valores, etc…

Este fim-de-semana o Sensei Abel Figueiredo falou, entre outros factos interessantíssimos, sobre um pouco dessa história.

Fiquei curioso e tentei pesquisar na net um pouco mais. Encontrei pouca informação, mas após algum pensamento sobre essa matéria e constatação de algumas informações parece-me completamente credível a narração do Sensei Abel.

O karaté, na sua origem – a nível de tempo e a nível de local (Okinawa), era praticado com as roupas usadas no dia-a-dia. Roupas essas que estavam adequadas ao quotidiano de Okinawa, um conjunto de ilhas quentes o ano inteiro. Logo, seriam calções e uma espécie de t-shirts. Aliás, existem várias fotos dos karatecas e treinarem vestidos dessa forma. Não havia sequer qualquer preocupação nas cores, basta ver fotos desses tempos. Aliás, existem fotos do próprio Sensei Funakoshi em tronco nú.

Com a ida do karaté para a ilha principal do Japão houve a necessidade de implementar um uniforme. Claro que o Sensei Funakoshi podia ter escolhido um gi original, no seu formato e cor. Mas não, adoptou o “fato” do Judo, este facto, por si só, demonstra a sua enorme humildade!

Deixem-me dizer, há relatos que indicam ter sido o Sensei Jigoro Kano a emprestar um Dogi ao Sensei Funakoshi para a demonstração do karaté em Tokyo! E assim nasceu o dogi da nossa arte. O karaté deve muito ao Judo, pois o seu Grande Mestre Jigoro Kano foi fundamental na implementação da nossa arte no Japão, entenda-se na ilha principal.

Claro que o gi do Judo foi-se adaptando às nossas necessidades. Os tecidos passaram a ser mais finos, pois não temos os agarros do Judo, e o corte sofreu melhoramentos, para um melhor desempenho.

FNK-P

Os cursos de treinadores nível I e II da Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P) de Treinadores tiveram, ontem e hoje, mais uns módulos.

Decorreram no Centro de Estágios e no Centro de Alto Rendimento do Jamor.

A FNK-P conseguiu, e está de parabéns, desenvolver algumas das suas actividades no Complexo Desportivo do Jamor.

Estas acções dos cursos de treinadores correram, na minha opinião, muito bem.

Gostei muito de ver o excelente relacionamento entre elementos da nossa Federação e a Federação do Judo. Devemos viver em harmonia com os outros e esse facto deixou-me bastante agradado.

Curiosamente ouvi críticas a vários aspectos dos cursos. Sobre essas tomadas de posição devo dizer que não me vejo nelas, pelo contrário. Só pessoas com um poder crítico dissociado da realidade podiam dizer o que disseram. Mas a vida é mesmo assim, há quem pense que está num nível superior, só eles sabem fazer e tudo o que os outros fazem não presta. Enfim, grandes mestres…

Lesões

Volto ao tema das lesões, não para falar propriamente delas, mas em jeito de comparação das nossas, do karaté, com as de outras artes marciais.

Tenho alguns colegas e amigos que praticam, entre todos, um vasto leque de artes marciais. E não adiante estar a nomeá-las, caso contrário ainda entro em polémicas e não vale mesmo a pena.

Desse conjunto de colegas e amigos poucos são os que não têm sérias lesões. Mas não falo de mazelas de menor importância! Falo de problemas físicos com alguma gravidade!

Em conversa com um amigo, e posterior interiorização, questionei-me sobre as razões da existência de tantos praticantes de karaté com idades avançadas e tão poucos em algumas das outras artes marciais.

Na minha humilde opinião parece-me que a nossa arte, apesar da sua enorme dureza, está em harmonia com o corpo humano. E quando assim é, podemos treinar até ao fim da vida.

Lesões

A prática do karaté é essencialmente uma actividade física. Não é uma actividade física qualquer, pois inclui muitos outros factores.
Quando no nosso caminho surgem lesões e limitações de ordem física acabamos sempre por, mentalmente, quebrar. Aqui não retrato constipações, otites e males desse género. Refiro-me, por exemplo, a lesões musculares e articulares, aquelas que nos fazem mesmo sofrer e mexem com o nosso íntimo.
Ora, temos de estar preparados para a sua chegada. A questão não é saber se nos vai acontecer, mas, e isso sim, quando nos vai calhar.
Quando elas nos atormentam, temos de ter a força necessária para as combater. Desistir e lamentar-mos o sucedido não serve de nada! Temos de lutar contra todas as nossas limitações, pois elas, as lesões, são parte integrante do nosso caminho. A via a percorrer é penosa e nela estão tantas dificuldades deste género.
O karaté não um jogging pelo relvado de um parque numa tarde de primavera. O karaté é um caminho de auto-conhecimento, sem sofrimento não há glória. Como diz o Sensei Tanaka: “No pain, no game”.

JKA

Aqui está mais um dos instrutores do Honbu Dojo da JKA - Senei Kurihara. É o campeão de katas há alguns anos. Sempre quue o vejo a fazer um kata percebo porquê!...

JKA

Eis uma excelente final de kumité!
Dois grandes instrutores do Honbu Dojo da JKA encontraram-se nas finais e mostraram o karaté ao melhor nível.

Sensei Peté

Escrever de pessoas com quem temos ligações é sempre susceptível de levantar algumas dúvidas das razões das palavras.

Mas porque estou de consciência tranquila, hoje sinto a necessidade de falar do Sensei Peté.

Não vou escrever do seu extraordinário currículo ou das suas enormes qualidades enquanto Mestre e Homem.

É que hoje tivemos a formação da JKA e recebi mais uma lição de karaté, uma das melhores que já tive na minha vida de karateca!

Refiro-me à aula da tarde, em que, durante mais de hora e meia recebemos os seus ensinamentos. Com o Sensei Peté temos a real dimensão da nossa arte, pois consegue mostrar-nos muito para além do corpo.

Presumo que todos os presentes compreenderam as suas palavras cheias de significado e a profundidade das suas palavras cheias de significado.

São dias como este que me incentivam a seguir este longo caminho.

Redes Sociais

As redes sociais vieram para ficar. Com elas as pessoas estão interligadas e as notícias correm a uma velocidade super rápida.

Presumo que neste momento o Facebook lidera o ranking das redes sociais, com milhões de pessoas associadas.

Felizmente é mais um excelente instrumento de trabalho do karaté. Através do Facebook a valiosa informação chega a um largo leque de pessoas, muitas das quais acaba por descobrir a magia da nossa arte.

As notícias correm mundo e os eventos passam a ser do conhecimento de todos. Agora ninguém pode alegar o desconhecimento, só não sabe quem não quer mesmo saber.

O Karaté de Leiria tem a sorte de ter um colega que, para além de ser um excelente praticante, tem a paciência e a sabedoria para gerir um perfil naquela rede.

Já existe um grupo considerável de colegas karatecas, de várias origens do karaté, que não dispensa aquele perfil e todos contribuem para o enorme sucesso.

Aqui fica: www.facebook.com/karateleiria

Curso da JKA

Anualmente a JKA-Portugal participa com vários instrutores no Curso de Instrutores no Honbu Dojo da JKA, em Tokyo.

Este ano não vai ser diferente e um grupo alargado vai estar no Curso da Primavera.

A JKA já divulgou o programa para este seminário que promete muita acção!

Mais uma vez esperam-se instrutores de muitos países, que, durante 4 dias, se reúnem para treinar sob a orientação dos Mestres Japoneses com as mais altas responsabilidades técnicas.

Estágio JKA-Portugal

A JKA-Portugal está a organizar mais um grande estágio de karaté e desta vez traz ao nosso país um excelente mestre – Sensei Toshihiro Mori.

Conheço-o de já ter participado em algumas formações onde esteve presente e fiquei com a melhor impressão possível sobre ele.

Aliás, o seu currículo é, certamente, o seu melhor cartão de visita. Vejamos: entrou na Classe de Instrutores da JKA em 1973; é Director e Membro do Shihankai; Instrutor, Examinador e Árbitro letra A (máximo); nos campeonatos do Japão sagrou-se campeão de kumité individual em 1978 e 80, vice-campeão em 79 e 82; em 1980 sagrou-se campeão do mundo da IAKF em kumité individual e equipa.

Mas se a vinda dele é, de facto, extraordinária, não menos importante são as presenças dos Sensei Peté e Pula.

O evento terá lugar nos dias 12 e 13 de Março de 2011, em Cacilhas e Caneças e haverá os tradicionais exames de Dan’s.

Alguns colegas estão a confundir este Sensei Mori com o que esteve cá há cerca de 10 anos e o estágio realizou-se na Vieira de Leiria. Então, aproveito para esclarecer que, o Sensei Toshihiro Mori é a primeira vez que vem a Portugal.

Para muitos de nós será uma oportunidade única de treinar com este Mestre, por isso aconselho-vos a não a desperdiçarem.

Cursos da FNK-P

Hoje terminaram os cursos de treinador-monitor da Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P).

Nestes cursos participaram muitos colegas, cerca de duas centenas. Foi uma óptima oportunidade para frequentarem este curso, pois, como é sabido, os próximos serão um pouco mais difíceis e ainda não há previsões para o início.

Ao que soube, correram bastante bem. Agora, actividades perfeitas não me parece que haja e há sempre aspectos a melhorar.

Em Lisboa acabaram por não dividir e fizeram um super turma de mais de uma centena de formandos…

Quero deixar aqui uma anotação. Existiram suspeitas, isto para ser simpático e não dizer certezas, que alguns colegas aproveitaram o facto de ser muita gente e faltaram às formações, pedindo a colegas para assinarem por eles… A ser verdade, é mau! Estas atitudes de karaté não têm nada e entram num campo perigoso…

Independentemente dos aspectos menos bons, parece-me que foi uma excelente iniciativa da FNK-P.

Agora ficamos todos à espera que os cursos de nível I e II sejam anunciados com mais antecedência…

Sensei Cardiga

Ontem, na ARDOG, na classe dos adultos, tivemos o enorme prazer e honra de receber o Sensei João Cardiga.

Aproveitando a vinda dele à cidade de Leiria, de imediato recebeu o nosso pedido para dar a aula. Felizmente aceitou e deu um treino extraordinário! E esta não é só a minha opinião, no final estavam todos rendidos às suas excelentes capacidades enquanto instrutor e como praticante!

Para os que andam nestas andanças há menos tempo devo dizer que, entre muitas outras funções, o Sensei Cardiga é o Instrutor-Chefe da Associação Nacional de Artes Marciais (ANAM), seleccionador da JKA-Portugal e uma das grandes referências do karaté nacional!

Com ele veio um estimado colega e amigo meu, o Sérgio Pio. Um excelente praticante e instrutor da nossa arte marcial.

No final dos grandes treinos fica a sensação do tempo ter “corrido” muito rapidamente. Fica o sabor a pouco. A vontade de praticar durante mais umas horas. Ontem, foi exactamente assim! Uma excelente hora de karaté!

Os dojos não se devem fechar em si mesmo. Poder receber colegas e instrutores de outros centros e associações é uma bênção para todos.

Crise Económica

Esta profunda crise económica que o nosso país atravessa é mais um teste ao nosso karaté.

Estes momentos difíceis são muitas das vezes excelentes oportunidades aproveitadas por alguns.

Parece-me, apesar de não estar acompanhar o karaté por todo o nosso território, que a nossa arte está atravessar um bom momento com muita gente aparecer nos dojos para treinar.

É que, no meu entender, o karaté é uma das actividades mais económicas, com excelentes resultados e merecedora de grande credibilidade.

Certo é que muita gente vê-se agora numa posição de ter de optar por sérios cortes nas despesas. No que toca às actividades físicas, muitas vão ficar para trás, porque, sobre tudo nas crianças, estão envolvidas em vários desportos. E não me parece que as famílias vão optar por continuarem com as mais caras.

Se soubermos aproveitar a crise, ajustando os preços das mensalidades, dos estágios, dos exames de graduação, dos gi’s, etc, podemos trazer muita gente aos dojos.

Estágio da Marinha Grande

É já dia 19 de Fevereiro que vamos ter o Estágio da Marinha Grande, organizado pelo Centro KaratéDo da Marinha Grande (CKMG) e integrado nas actividades da Associação Shotokan KaratéDo – Portugal (ASKP).

Vai decorrer na Escola Nery Capucho, entre as 10H00 e as 13H00.

Paralelamente ao estágio vão realizar-se exames de graduações até cintos castanhos.

Os instrutores responsáveis pelo evento são os Sensei’s Peté e Pula. Mas estão confirmadas as presenças de outros instrutores.

Espera-se, à semelhança dos estágios recentes, mais de uma centena de praticantes, até porque nesta zona do país existem vários centros de karaté.

Treino de Instrutores

Ontem, no Hoitsugan, realizou-se mais um treino de instrutores da Associação Shotokan KarateDo – Portugal (ASKP).

Com o dojo cheio, e ainda assim a faltarem alguns colegas, tivemos uma excelente aula, ministrada pelo Instrutor-Chefe – Sensei Peté, com a intervenção de muitos dos presentes.

Acho extraordinário, e de uma grandeza enorme, os Instrutores Seniores treinarem lado a lado connosco os mais novos. Nesta casa todos praticam, todos somos realmente humildes karatecas!

Artes Marciais

Nos últimos dias, por diversos e curtos momentos, folheei umas revistas de artes marciais.

Embora não seja novidade para ninguém, constatei a existência de inúmeros artigos sobre um sem número de artes marciais, onde se incluem várias com o nome karaté. Também vos posso dizer, muitas delas de karaté só têm o nome!

Aliado à criação de novas artes marciais, situação que eu pessoalmente não compreendo nem aceito (!), vem o facto de criarem vestimentas para a prática de tais artes.

Em muitos casos os uniformes que usam vêm com vários emblemas, desenhos, símbolos, nomes, fitas e acessórios nos cintos, etc. Claro que tais fatos são exclusivos dos criadores das modernas actividades ditas marciais, pois sempre é mais algum (dinheiro) que entra na conta.

A verdade é que, é uma forma de marketing e presumo eu que venda, basta imaginar as criancinhas a ficarem todas contentes com um fatinho cheio de penduricalhos.

Neste momento não consigo prever, por muito imaginativo que seja, o número de actividades marciais que vão existir dentro dos próximos anos. Bem, em boa verdade, acho que já ninguém consegue contabilizar as existentes na presente data, quanto mais daqui a uns anos…

Mas não pensem que estas coisas só acontecem noutros países, pois dentro das nossas fronteiras, infelizmente e vergonhosamente, já temos essa praga.

O que me custa não é enganarem-me. O que me custa é pensarem que me enganam.

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Apego

Certo dia, morreu o guardião de um mosteiro Zen. Para decidir quem seria a nova sentinela, o mestre convocou os discípulos e disse:

- O primeiro que conseguir resolver o problema que eu vou apresentar, assumirá o posto.

Então, numa mesa que estava no centro da sala, colocou um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza. E disse apenas:

- Aqui está o problema!

Todos ficaram a olhar para a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro! O que representaria? O que fazer? Qual o enigma? De repente, um dos discípulos saca da espada, olha para o mestre, dirige-se para o centro da sala e… Zazzz! Com um só golpe destruiu tudo.

- Você é o novo guardião. Não importa que o problema seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado.

O Olhar

O olhar, na nossa arte marcial, é um dos factores mais importantes.

Numa primeira fase da nossa longa caminhada no karaté, quando estamos a treinar olhamos mas não vimos nada. Estamos mais preocupados com outros factores e temos a cabeça cheia de outros pensamentos.

Com a continuação da prática vamos aprendendo a ver e passamos a tirar partido desse principal sentido.

Mas tão importante como o olhar é a capacidade de ler os sinais que nos são transmitidos pelo nosso adversário e pelo meio que nos rodeia, e aqui não me estou a limitar ao karaté praticado dentro do dojo.

Muitos praticantes, preocupados em fazer bem, perguntam para onde devem olhar quando estão em kumité. A mim ensinaram-me, e o Sensei Peté está constantemente a recordar-nos esse pormenor importantíssimo, que devemos centrar o nosso olhar nos olhos do adversário, pois eles (os olhos) são uma enorme fonte de informação.

Agora, não podemos olhar fixamente os olhos do nosso oponente e esquecer todo o resto, pois não podemos deixar de ver as outras partes do corpo. Este sentido deve ser treinado afincadamente, pois é uma mais valia para nós. E começa logo no kihon! Onde não devemos ter a nossa visão perdida no espaço. Também nas katas é uma excelente oportunidade para desenvolver esta capacidade.

Numa fase mais avançada, e não estou a falar de conhecimento próprio, há quem consiga ver-se de fora. Ou seja, consegue ter uma perspectiva mais abrangente de todo o meio e onde incluem o seu próprio corpo.

Mas não confundam as coisas. É que já ouvi dizer que há por aí uns mestres tão avançados que não precisam olhar e até fecham os olhos e fixam o olhar no tecto. Mas isso devem ser “coisas” muito avançadas. Quanto a esse estado avançado devo dizer que, já recebi ensinamentos de verdadeiros Mestres e nunca nenhum fez ou ensinou tal “truque”…

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Chávena de Chá

Um professor de filosofia foi ter com um mestre zen, Nan-In, e fez-lhe perguntas sobre Deus, o nirvana, meditação, e muitas outras coisas. O Mestre, ouviu-o em silêncio e depois disse:

- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longínquo. Deixa-me primeiro, servir-te uma chávena de chá.

O Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando o Mestre serviu o chá, encheu a chávena do seu visitante e continuou a enchê-la. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu visitante gritou:

- Pára. Não vês que o pires está cheio?

- É exactamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de perguntas, que mesmo que eu responda não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta.

Estágios

Nesta fase da época existe um fervilhar de actividades de karaté, com maior destaque para os estágios associativos.

De uma forma geral, os centros iniciam os treinos em Setembro e passados cerca de 4 meses, conforme as associações, os praticantes estão aptos a realizar exames de graduação.

Daí os meses de Janeiro e Fevereiro terem inúmeros estágios com os referidos exames.

Neste fim-de-semana, a ASKP realiza dois desses seminários, e, Lisboa e na Covilhã, onde alguns dos instrutores seniores vão ministrar os treinos. Nestes casos concretos o Sensei Peté vai estar na Capital e o Sensei Pula na Serra da Estrela.

Estes encontros são extremamente produtivos, pois temos a oportunidade de treinar com colegas diferentes dos habituais do nosso dojo e receber ensinamentos num contexto diferente.

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O orgulho do samurai

Certa vez, um grande samurai foi procurar Hakuin, um mestre Zen.

- Existe o inferno ou o paraíso? Se existem, onde estão os portões? Por onde posso entrar? Como posso evitar o inferno e escolher o paraíso?

Ele era um simples guerreiro. Um guerreiro é sempre simples, caso contrário, não poderia ser um guerreiro. Um guerreiro só conhece duas verdades: a vida e a morte. A sua vida está sempre em jogo. Ele não veio aprender uma doutrina. Ele queria apenas saber onde estavam os portais, para que pudessem evitar o inferno e entrar no paraíso. E Hakuin, respondeu de um modo que só um guerreiro podia entender.

- Quem é você? – perguntou Hakuin.

- Sou um samurai – responde o guerreiro.

No Japão, ser um samurai é uma grande honra. Significa ser um guerreiro perfeito, um homem que não hesita em dar a sua vida. Para ele, vida e morte são apenas um jogo.

- Sou um samurai. Sou o líder dos samurais. Até o imperador me respeita. – disse o soldado.

Hakuin riu e disse:

- Tu, um samurai? Mais pareces um mendigo.

O orgulho do samurai foi ferido, o seu ego pisado. Ele esqueceu-se porque é que ali estava, puxou da espada e estava prestes a matar Hakuin.

Hakuin riu e disse:

- Esse é o portão do inferno. Com essa espada essa raiva, esse ego, assim se abre o portal.

Isso é algo que um guerreiro pode entender. Ele imediatamente, compreendeu: esse é o portal. E guardou a sua espada.

- Aí está o portal para o paraíso. – disse Hakuin.

- O inferno e o céu estão dentro de ti, ambos os portais estão em ti. Quando te comportas inconscientemente, aí está o portal do inferno. Quando estás alerta e consciente, aí está o portal do paraíso.

Entradas e Saídas

Na vida de um instrutor de karaté, à semelhança de todos os outros responsáveis pelo ensino de qualquer outra actividade, não deve haver maior tristeza que é a perda de um praticante.

Na nossa arte há coisas que não são fáceis de explicar, pois são demasiado profundas e só quem as vive consegue ter noção delas. As inúmeras dificuldades inerentes à prática do karaté criam fortes laços entre todos os intervenientes e, quando assim é, a perda de um elemento traz sempre mágoa.

Claro que, quanto maior é a permanência de um praticante num dojo – alunos mais graduados, mais saudades ficamos dele.

Às vezes dou por mim a pensar com quantas pessoas já treinei. Nos poucos anos que tenho de prática, já lá vão algumas centenas… Muitos, talvez a maior parte, já nem os conheço.

Parece-me que este é um sentimento comum em todos os dojos, e quanto maior for o centro pior! Pois há mais gente a deixar o caminho a meio…

Mas nem tudo é mau! Pois regularmente há praticantes que, depois de pausas, mais ou menos prolongadas, voltam à nossa companhia, e essa é uma alegria enorme!

Felizmente, nos últimos tempos, temos vivido bastantes regressos. Voltar a ter junto de nós pessoas que estimamos é uma satisfação brutal.

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Nada sei

Nos seus últimos momentos de vida, Sócrates disse aos seus discípulos:

- Quando eu era novo pensava que sabia muito. À medida que envelhecia e sabia mais, começou a acontecer-me uma coisa estranha: tomei consciência de que saber mais, me levava a saber menos.

E, por fim, quando o Oráculo de Delfos declarou que Sócrates era o homem mais sábio do mundo, o povo de Atenas ficou contente e foi ter com Sócrates, mas este disse:

- Voltem para trás e digam ao Oráculo que a sua profecia está errada. Sócrates não sabe nada.

As pessoas ficaram chocadas. Dirigiram-se ao oráculo, mas o oráculo riu e declarou:

- Foi por essa razão que o declaramos o homem mais sábio do mundo! Só as pessoas ignorantes é que pensam que sabem.

Keiko Osame

No Japão, nesta fase do ano, há algumas tradições nas artes marciais, que as escolas de karaté fazem questão de registar e dar ênfase: keiko osame, keiko hajimé, kagami biraki e kan geiko.

Em grosso modo podemos dizer que:

O Keiko Osame é o último treino do ano.

O Keiko Hajimé é o primeiro treino do ano.

O Kagami Biraki a cerimónia da abertura do espelho.

O Kan Geiko é o curso de inverno.

Nos Açores, os Sensei António Mota e Paulo Telheiro, aproveitaram o último treino de 2010, reuniram alguns dos praticantes e cumpriram esta importante tradição. Mais uma excelente acção do grande grupo daquele arquipélago.

A realização destes treinos especiais são realmente relevantes e quem os faz demarca-se, pela positiva, de todos os outros. Por vezes é preciso tão pouco para fazer muito. Não podemos estar sempre à espera que nos façam e ofereçam tudo, basta ter um pouco de imaginação e obtemos resultados extraordinários.

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Cortar Lenha

Um jovem com grande habilidade e rapidez no corte de lenha, procurou um mestre, o melhor cortador de lenha da região e pediu para ser aceite como seu discípulo, a fim de aperfeiçoar os seus conhecimentos. O mestre concordou e começou a ensiná-lo. Não se passou muito tempo, até o discípulo julgar ser melhor que o mestre, desafiando-o para uma competição em público. Tendo o mestre aceite o desafio, tudo foi marcado, preparado e teve início a competição. O jovem trabalhava no corte da lenha sem parar, e, de vez em quando, olhava para conferir como estava o trabalho do mestre.

Para grande surpresa do jovem, o mestre encontrava-se muitas vezes sentado, tendo isto ocorrido durante toda a competição. E isto, fortaleceu ainda mais a determinação do jovem, que continuou a cortar a lenha e a pensar:

- Coitado, o mestre realmente está muito velho...

Ao término da competição, foram medir os resultados, e o mestre havia cortado mais lenha que o discípulo. O jovem indignado disse:

- Não consigo entender, não parei de cortar lenha o dia todo, com toda a minha energia, e cada vez que eu olhava o senhor estava a descansar!

O mestre respondeu:

- Não meu jovem, eu não descansava apenas. Eu amolava o meu machado. Tu, tão empolgado estavas em cortar mais lenha, que te esqueceste desse pequeno detalhe. Afiar o teu próprio machado! E por isso, a tua produtividade caiu e tu perdes-te.

2011

Há uns tempos atrás via os anos de dois mil e tal como muito distantes... Mas o tempo não parou e eis que já estamos em 2011!...
A chegada de cada novo ano faz-nos acreditar que desta vez é que é a valer. Não vamos desperdiçar mais um ano e temos de o aproveitar para cumprir os nossos desejos sempre adiados.
Para este novo desafio, de 2011, só queria ter a coragem para dar o passo em frente. Mas há tantas condicionantes e laços que se criam...
Sobre este mesmo assunto, e sei que para alguns estou a escrever meias palavras, deixo mais um conto que vem mesmo a calhar.
Feliz ano novo para todos.

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Atire a vaca no precipício

Certa vez, quando o Mestre e discípulo peregrinavam por distantes pastagens, foram acolhidos por uma família pobre, muito simpática, mas que vivia em condições miseráveis.

Embora fossem boas pessoas, os seus recursos materiais eram muito limitados. Sustentavam-se, graças a uma vaca magricela que fornecia o leite para se alimentarem e o pouco que sobrava, vendiam para ganhar uns trocos. Na hora da despedida, o discípulo com pena daquelas pessoas tão simpáticas, perguntou ao mestre se não podiam fazer nada por eles. O sábio Mestre disse-lhe:

- Atira a vaca no precipício.

- Mas Mestre...

- Atira a vaca no precipício ou desaparece com ela! - disse o Mestre.

O discípulo, sem compreender a intenção do Mestre, cumpriu os seus desígnios ainda que muito contrariado. E assim, a família ficou sem a vaca.

Os anos passaram-se e o discípulo, cheio de remorsos pelo que fizera, não voltou a ter paz. Para se redimir, decidiu então, pedir perdão à família e resolveu voltar àquela região. Mas, para seu espanto não conseguiu reconhecer a região. Onde antes havia uma região árida, encontrou terras cultivadas. Próximo de onde estava o casebre, encontrou um palacete. Angustiado, supôs que a família fora obrigada a vender a casa e o terreno, pois já não tinham a vaca para sobreviver. Aproximou-se da bela casa e encontrou os seus proprietários no jardim, divertindo-se. Para seu espanto, verificou que estas eram as mesmas pessoas que antes encontrara, agora com uma aparência mais saudável e feliz. Sem entender nada, o discípulo perguntou que milagre tinha ocorrido naquele lugar. Com um sorriso no rosto, o pai respondeu:

- Milagre, nada! Um dia, a nossa vaca desapareceu. Tivemos de procurar um novo meio de subsistência. Trabalhámos muito e procurámos formas alternativas. Ao longo dos tempos, fomos prosperando.

Então, o Discípulo compreendeu a sabedoria do Mestre.