“Quando os guerreiros como tais chegam ao fim do seu caminho evolutivo, só há um lugar onde podem ir, um salto que necessariamente devem dar, uma transmutação a realizar, a de se tornarem homens de conhecimento (…)“ (Alfredo Tucci).
No caso específico do karaté o final do caminho leva-nos, ou pelo menos assim o desejamos, ao satori.
Agora há muito boa gente por aí que baralha tudo. Baralham, porque muitos nunca tiveram as bases suficientes para conseguirem alcançar o entendimento suficiente do que é o karaté. Cada vez mais vejo colegas a ter uma visão tão curta da nossa arte, vêm-na apenas como corpo, como físico e limitam-se a isso mesmo, à vida térrea… Vivem a falar dos seus gloriosos feitos, dos títulos, dos seus dan’s, etc. Ainda estão no passado, e quando assim é…
O Sensei Kase, nos seus últimos anos de vida, com várias dezenas de anos de prática intensa da nossa arte, disse que “agora é que começo a compreender o karaté”. Na altura pareceu-me estranho, pois o meu entendimento era limitadíssimo. Não é que hoje seja muito maior…
Mas há Mestres de Karaté, e no nosso país também (!), que estão mais além. É junto desses que quero estar, pois esses vão ajudar-me nesta longa e difícil caminhada.
Mas se nascer junto de pessoas do passado é incontrolável, já não procurar mestres que nos ajudem é, e desculpem-me a frontalidade, burrice.
Sinceramente, a cada dia que passa, nós karatecas estamos mais informados. Começo a constatar algumas alterações no panorama nacional, com mais colegas a procurar o caminho certo e junto de quem realmente está no karaté com boas intenções. Diz-me com quem andas, que eu digo-te quem és.
Sei que sou muito brando nas palavras e não procuro o conflito, mas está na altura de despertar, pois o tempo não pára.
Caro José Jordão:
ResponderEliminarEste teu texto é excepcional! PARABÉNS!
Há anos que defendo que os karatecas não devem ter duas palas como os cavalos, para não olharem sempre e só para a frente... há que ter também visão periférica e isso ainda falta a muita gente. Além disso - e os meus alunos espantam-se quando lhes digo isto - o Karaté não tem só de ser praticado, tem de ser estudado (pesquisado) e investigado.
Mas como dizes, parece que as mentalidades estão a mudar aos poucos!
No entanto ainda estamos a esbarrar numa coisa: dizes que "nós karatecas estamos mais informados", mas só até certo ponto...
Há muita informação que não está a chegar a todos. Ainda há poucos a saberem de muito e muitos a saberem de pouco! Eu tenho-me esforçado por transmitir informação e conhecimento no meu blog, tal como tu o tens feito, embora as maneiras (conteúdos) sejam diferentes.
Vou-te agora dar um exemplo: antes da próxima AG da FNK-P terá de se reunir o Conselho Geral para escolhar os delegados dos praticantes à AG. Mas, por exemplo, quem vai convocar os treinadores e realizar uma reunião com os mesmos (ou pelo menos parte deles) para nessa AG da FNK-P estarem presentes os delegados dos treinadores?
Outro exemplo: há treinadores que participam em Congressos e Seminários e depois que conclusões do que aí foi esmiuçado fazem chegar aos seus colegas?
Temos a necessidade de começar a trocar ideias, de comunicar, de gerar mais conhecimento.
Um grande abraço, boas férias e vamo-nos mantendo em contacto!
Armando Inocentes
Excelente post. Toca fundo na verdadeira realidade do karate. Sem humildade e o profundo conhecimento de nós próprios e das nossas limitações não há predisposição para evoluir. Parabéns pela excelente "estocada".
ResponderEliminarVIVA!
ResponderEliminarGostei muito do texto Jordão, espero continuar a ler e a gostar tanto como tenho gostado até então.
Também considero que todos nós, enquanto praticantes de Karaté - Do, devemos procurar não a chave da Grande Porta mas treinar com humildade junto de quem mais sabe, ou seja, de quem mais tem para oferecer sobre esta arte marcial tão interessante, e não sermos destruidos por pseudo-instrutores de karaté que não têm outro nome porque não são um bom exemplo, porque não respeital dentro e fora do Dojo as 5máximas do karatéDo, ou as Dojo KUN!
Senhor Armando Inocentes, há uns anos atrás, em Lisboa, já não sei bem precisar o local, participei num seminário ou num congresso algo de género e foi aí que julgo que foi a primeira vez que o vi e ouvi, foi numa palestra que falava de desportos de combate, movimentos específicos, uso do kimé, da energia de forma correcta, enfim de....karaté e temas sobre a motricidade humana, e outras filosofis igualmente interessantes porque encontravam-se mais senhores nesse palco interessante. De facto,gosto muito do seu blog bem como do blog do Jordão, e espero que saiba que sou um admirador seu. É um verdadeiro senhor porque respeita o karaté, sabe muito, e aprende-se muito consigo quando se expressa sobre assuntos relativos a Karaté-Do.
Um grande abraço a todos os karatekas, nunca se esqueçam que treinar é o mais importante, há é que saber gerir energias.
OSS!