segunda-feira, 5 de julho de 2010

Guerreiros...


Quando os guerreiros como tais chegam ao fim do seu caminho evolutivo, só há um lugar onde podem ir, um salto que necessariamente devem dar, uma transmutação a realizar, a de se tornarem homens de conhecimento (…)“ (Alfredo Tucci).

No caso específico do karaté o final do caminho leva-nos, ou pelo menos assim o desejamos, ao satori.

Agora há muito boa gente por aí que baralha tudo. Baralham, porque muitos nunca tiveram as bases suficientes para conseguirem alcançar o entendimento suficiente do que é o karaté. Cada vez mais vejo colegas a ter uma visão tão curta da nossa arte, vêm-na apenas como corpo, como físico e limitam-se a isso mesmo, à vida térrea… Vivem a falar dos seus gloriosos feitos, dos títulos, dos seus dan’s, etc. Ainda estão no passado, e quando assim é…

O Sensei Kase, nos seus últimos anos de vida, com várias dezenas de anos de prática intensa da nossa arte, disse que “agora é que começo a compreender o karaté”. Na altura pareceu-me estranho, pois o meu entendimento era limitadíssimo. Não é que hoje seja muito maior…

Mas há Mestres de Karaté, e no nosso país também (!), que estão mais além. É junto desses que quero estar, pois esses vão ajudar-me nesta longa e difícil caminhada.

Mas se nascer junto de pessoas do passado é incontrolável, já não procurar mestres que nos ajudem é, e desculpem-me a frontalidade, burrice.

Sinceramente, a cada dia que passa, nós karatecas estamos mais informados. Começo a constatar algumas alterações no panorama nacional, com mais colegas a procurar o caminho certo e junto de quem realmente está no karaté com boas intenções. Diz-me com quem andas, que eu digo-te quem és.

Sei que sou muito brando nas palavras e não procuro o conflito, mas está na altura de despertar, pois o tempo não pára.

3 comentários:

  1. Caro José Jordão:

    Este teu texto é excepcional! PARABÉNS!

    Há anos que defendo que os karatecas não devem ter duas palas como os cavalos, para não olharem sempre e só para a frente... há que ter também visão periférica e isso ainda falta a muita gente. Além disso - e os meus alunos espantam-se quando lhes digo isto - o Karaté não tem só de ser praticado, tem de ser estudado (pesquisado) e investigado.

    Mas como dizes, parece que as mentalidades estão a mudar aos poucos!

    No entanto ainda estamos a esbarrar numa coisa: dizes que "nós karatecas estamos mais informados", mas só até certo ponto...

    Há muita informação que não está a chegar a todos. Ainda há poucos a saberem de muito e muitos a saberem de pouco! Eu tenho-me esforçado por transmitir informação e conhecimento no meu blog, tal como tu o tens feito, embora as maneiras (conteúdos) sejam diferentes.

    Vou-te agora dar um exemplo: antes da próxima AG da FNK-P terá de se reunir o Conselho Geral para escolhar os delegados dos praticantes à AG. Mas, por exemplo, quem vai convocar os treinadores e realizar uma reunião com os mesmos (ou pelo menos parte deles) para nessa AG da FNK-P estarem presentes os delegados dos treinadores?

    Outro exemplo: há treinadores que participam em Congressos e Seminários e depois que conclusões do que aí foi esmiuçado fazem chegar aos seus colegas?

    Temos a necessidade de começar a trocar ideias, de comunicar, de gerar mais conhecimento.

    Um grande abraço, boas férias e vamo-nos mantendo em contacto!

    Armando Inocentes

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  2. Excelente post. Toca fundo na verdadeira realidade do karate. Sem humildade e o profundo conhecimento de nós próprios e das nossas limitações não há predisposição para evoluir. Parabéns pela excelente "estocada".

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  3. VIVA!
    Gostei muito do texto Jordão, espero continuar a ler e a gostar tanto como tenho gostado até então.
    Também considero que todos nós, enquanto praticantes de Karaté - Do, devemos procurar não a chave da Grande Porta mas treinar com humildade junto de quem mais sabe, ou seja, de quem mais tem para oferecer sobre esta arte marcial tão interessante, e não sermos destruidos por pseudo-instrutores de karaté que não têm outro nome porque não são um bom exemplo, porque não respeital dentro e fora do Dojo as 5máximas do karatéDo, ou as Dojo KUN!
    Senhor Armando Inocentes, há uns anos atrás, em Lisboa, já não sei bem precisar o local, participei num seminário ou num congresso algo de género e foi aí que julgo que foi a primeira vez que o vi e ouvi, foi numa palestra que falava de desportos de combate, movimentos específicos, uso do kimé, da energia de forma correcta, enfim de....karaté e temas sobre a motricidade humana, e outras filosofis igualmente interessantes porque encontravam-se mais senhores nesse palco interessante. De facto,gosto muito do seu blog bem como do blog do Jordão, e espero que saiba que sou um admirador seu. É um verdadeiro senhor porque respeita o karaté, sabe muito, e aprende-se muito consigo quando se expressa sobre assuntos relativos a Karaté-Do.
    Um grande abraço a todos os karatekas, nunca se esqueçam que treinar é o mais importante, há é que saber gerir energias.
    OSS!

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