Por todo o Japão há lugares intimamente ligados ao karaté
Em Tomari, Okinawa, existe um espaço especial, com um importante significado, a gruta secreta onde, há muitos anos, se treinou a nossa arte, a gruta Furuherin. Naquela altura a arte marcial ainda não se chamava karaté, mas sim Tomarité.
Na verdade, nesta zona de Okinawa viviam essencialmente chineses que ali se escondiam e se dedicavam a actividades ilegais. Faziam-no para a sua própria sobrevivência, ao mesmo tempo treinavam artes marciais, pois eram exímios praticantes desse tipo de artes guerreiras.
Com o passar do tempo lá se foram socializando e iniciaram o ensinamento das artes marciais aos locais. Um desses importantes chineses, que vivia na clandestinidade, era o marinheiro Chinto.
Ora, este Chinto, numa estranha história de perseguição, acabou por fazer amizade com outro karateca, o Matsumura Sokon, também ele apaixonado pelas artes marciais. Dessa fase surgiu a kata Chinto, desconhecendo-se qual deles a criou, ou se o Chinto a trouxe da China. Este kata tem a tradução, entre outras, de luta no oeste.
Passado algum tempo, muito pouco (!), o Sensei Funakoshi, certamente vendo a importância deste kata, levou-o para o “Japão”, mudando o nome para Gankaku.
Mas voltando à gruta. Trata-se de um local simbólico, cheio de história. Por este exemplo podemos ver a importância destes pequenos espaços e compreender como nasceu e se foi desenvolvendo o nosso karaté. Inicialmente era treinado em sítios remotos, limitados, minúsculos, privados de qualquer luxo. As nossas raízes mais profundas estão mesmo aí, na humildade!
Sem comentários:
Enviar um comentário