segunda-feira, 12 de julho de 2010

Erros

Os erros cometidos nas bases significam, numa escala imaginária, milímetros, mas no topo, as falhas são de quilómetros.

Todos nós, sem excepção, e desengane-se quem pensa o contrário, cometemos erros. Mas nem todos os erros têm o mesmo significado e importância.

Quanto mais alto subimos numa estrutura hierárquica, mais gravosos se tornam os enganos.

Penso que daí só conseguirem atingir o topo de organizações pessoas com uma grandeza notável. Mas mais importante do que atingir é o manter! Porque criar e colocar-se lá em cima é fácil, agora permanecer e tornar o grupo forte e unido não é tarefa ao alcance de todos. Não é mesmo!

Nós, no karaté, vivemos numa estrutura o mais hierárquica possível. Temos a herança do marcial, da guerra, do militar, da disciplina japonesa! E esse facto acarreta uma responsabilidade acrescida, porque mandar é fácil, agora comandar é uma arte com extrema dificuldade…

A responsabilidade de quem está num nível superior é brutal e disso tem de ter plena consciência, pois acções erradas têm repercussões gravosas junto nos níveis mais abaixo. Essa preocupação tem de estar sempre presente, caso contrário todo o grupo vai vacilar e com esses abanões soltam-se sempre elementos.

É preciso ter em mente que, ao chegarmos ao cimo, a luminosidade é mais forte, mas não podemos ficar cegos com tanta luz. Daí ser necessário, no longo caminho do karaté, a obtenção da humildade necessária para ir mais além. Não da falsa humildade! Porque, quer uma, quer outra, vão revelar-se um dia e a selecção natural continua a reinar e é implacável!

Neste mundo marcial, nomeadamente do karaté, estamos a assistir à formação de estruturas maiores em torno de verdadeiros mestres, porque, felizmente, todos nós estamos, a cada dia que passa, mais informados.

2 comentários:

  1. Caro amigo Jordão:

    Errar é humano, mas pior do que errar é persistir no mesmo erro. Por isso, para mim, o erro só serve para, depois de cometido, ser corrigido e estar ao nosso dispor para modificarmos atitudes e comportamentos.

    Sabemos que a sociedade japonesa é extremamente hierárquica e quando importámos o Karaté do Japão, para além de ter havido uma evolução histórica e socio-cultural nesse país, no ocidente houve um processo de aculturação em relação ao mesmo.

    De facto, mandar é fácil e comandar possui uma extrema dificuldade, mas penso que mais difícil ainda será "liderar".

    Mais um tópico para podermos discutir, pois legalmente em Portugal não há "Mestres", nem "Instrutores", nem "Professores" de Karaté. Há, isso sim, "Treinadores" de Karaté.

    Sei que se costuma dizer que "instrutores há muitos, mas mestres poucos há"!

    Mas não haverá Treinadores que são "Mestres"? Felizmente conheço alguns, amigos meus, na tua própria Associação.

    Grande Abraço

    Armando Inocentes,

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  2. Sensei.
    Concordo com o grosso do seu excelente comentário.
    Mas não concorso com a terminologia agora usada e não me entra na cabeça. Sei que um dia destes vão começar a chamar aos instrutores de mister... É só uma questão de tempo.
    Estou em completa sintonia quando diz que o erro só serve para ser corrigido. Quem o faz demonstra uma enorme grandeza.

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