quarta-feira, 17 de junho de 2009

Tradicional vs Desportivo


A divisão entre os defensores do karaté tradicional e desportivo é, e será sempre, um problema ideológico.
O tempo em nada vai ajudar a unir as duas facções, pois a cada dia que passa uns e outros municiam-se com mais argumentos e extremam-se as posições.
Eu sou defensor, moderado, do tradicional. Reconheço algumas virtudes ao desportivo e alguns condicionalismos ao tradicional. O ideal, sem nunca perder noção do nosso caminho, é tirar proveito das coisas boas de cada um deles.
No meu entender temos de saber viver nestes dois mundos, que não estão de costas voltadas, mas onde existem diferenças abismais. Ora vejam este exemplo, no desportivo treinamos as nossas facilidades enquanto no tradicional são as nossas dificuldades o objecto de cada aula.
Em Portugal é pena o órgão máximo do karaté (FNK-P) não apoiar mais o tradicional. Também sei que superiormente são os resultados desportivos o factor de maior importância, mas isso por si só não justifica virar as costas a milhares de praticantes do Do.
Mas não conseguimos nós mostrar aos representantes do estado as enormes vantagens do tradicional?!
Será a competição desportiva assim tão saudável? Mais que a prática do tradicional repleta de valores morais?
Bem, enquanto não me provarem estar enganado vou continuar a promover o tradicional e a participar, quando possível, nas competições desportivas.

3 comentários:

  1. Viva CAMPEÕES!!!

    De louvar tudo o que foi dito nesse texto.
    Penso da mesma forma e de facto, adorava que se apoiasse mais o "DO", o karaté tradicional( o verdadeiro caminho).
    Nem só de desporto vive o Homem, o Homem também necessita de um caminho. De determinados valores. É do caminho que faz mais sentido que se está aqui a tratar. Aquele que pertence ao Bem, relacionado com os tais valores morais e também, sociais.
    Enfim, espero que coloquem os olhos neste blog, neste pensar extraordinário e reflictam neste "DO" na sua verdadeira essência.
    Espero que os adultos tenham esta consciência para que a possam transmitir da melhor forma, às crianças. Para que elas possam crescer num ambiente mais saudável. Que faça todo o sentido.
    O objectivo é a harmonia/equilibrio. Os adultos são de facto, o modelo da criança. Devemos ser bons exemplos, para que um dia também eles o possam ser.

    Saudações marciais.
    OSS!

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  2. As palavras condicionam o modo como perspectivamos uma questão, o modo como a avaliamos. "Tradicional" liga-se a passado e, deste modo, como ultrapassado; mas, se ainda hoje se pratica (e com que força!), não será então também "Moderno"? "Desportivo" entende-se como algo que é feito por "Amor à camisola"; mas, se tudo depende dos troféus e das vitórias, não será antes "Competitivo"? Para mim há diferenças essenciais e que não são meramente ideológicas: e o treino das "Facilidades" versus "Dificuldades" dá-nos já indícios acerca do que está em causa. É que um deles (o dito tradicional) visa a pessoa no seu todo, é uma Via para a sua perfeição pessoal, e o outro (dito desportivo) visa unicamente a conquista do troféu. Para mim a diferença é entre vermos o Karate como Arte ou como Competição, Karate artístico versus Karate competitivo (do mesmo modo, por exemplo, que um Bailarino é um artista e não um desportista). O Karate não é um desporto mas sim uma arte.

    Saudações e Abraços
    OSS!

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  3. Carlos, muito obrigado pelo teu magnífico texto! Estou completamente de acordo contigo. Lanço-te um desafio: aprofundares este tema e publicar no blog. Grande abraço.

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