quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Crianças

Um dia destes, em conversa com um amigo meu, treinador de futebol das camadas jovens, falámos do envolvimento das crianças nas actividades físicas.

As crianças, pratiquem elas o desporto que praticarem, são todas iguais. Este meu amigo definiu-as, no campo desportivo, como cruéis! E eu estou completamente de acordo com ele.

No caso da área dele, o futebol, narrou-me alguns casos concretos. Quando uma criança não joga tão bem quantos as outras é colocada de imediato à margem e ninguém lhe passa a bola. Se um dos rapazes tem uma particularidade física, os outros tratam de lhe colocar alcunhas. Fazem grupos dentro das equipas, discriminando os mais fracos ou menos hábeis.

Não se pense que estas situações são exclusivas do futebol. Passa-se o mesmo, com maior ou menor gravidade, nos restantes desportos.

Mas se as crianças são como são, as artes marciais incutem-lhes outros valores e elas agem de outra forma.

Não vejo ninguém a gozar com os mais fracos, com os que sabem menos ou com quem tem pouco jeito. Ajudam-se mutuamente, puxam uns pelos outros, unem-se em torno das dificuldades.

Muitas vezes o karaté é um refúgio para muitos miúdos(as), pois ali, apesar das suas enormes dificuldades, encontram compreensão e um lugar onde há espaço para eles, tal como são.

2 comentários:

  1. Um bom e verdadeiro artigo. Vou usar uma frase muito batida mas muito verdadeira. Não somos melhores nem piores, somos simplesmente diferentes. Tenho um aluno com uma doença rara, tem os ossos dos braços tortos e tem dificuldade em falar e andar. É acarinhado por todos os outros, é o menino tratado com todo o cuidado e respeito. Somos diferentes. Mas felizmente, tal como tu dizes, somos o refúgios dessas pessoas que apesar de todas as suas dificuldades, são como nós.

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  2. Sensei Ilharco. Muito obrigado pelas suas palavras e por partilhar connosco a sua imensa sabedoria. Oss!

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