terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Escolas de Karaté

Há aulas de karaté e há aulas de karaté.

Muitos são os instrutores da nossa arte marcial e a cada um corresponde uma forma de ministrar os treinos, pois cada um de nós tem o seu jeito pessoal de dar aulas.

Por vezes nós, os mais novos na instrução, temos a tendência de copiar os instrutores nossos modelos. Fazemo-nos à imagem deles, pois identificamo-nos com aquela forma de transmitir os ensinamentos. Claro que, quando isso acontece, tornamo-nos numa cópia rasca de alguém, isso transparece para os praticantes que percebem não estarmos a agir naturalmente, mas a imitar-mos um outro instrutor, que muitas vezes também conhecem (!).

As escolas de karaté, pelo menos as que têm verdadeiros conselhos técnicos, disponibilizam informação e fornecem formação específica aos seus instrutores para estes darem aulas de acordo com o institucionalizado superiormente. Depois é uma questão de cada um colocar o seu jeito pessoal.

Independentemente de tudo, os instrutores quando se disponibilizam a dar treino, têm de estar consciente que os praticantes estão ali para apreenderem karaté. E esta nobre arte não pode ser ensinada com conversa, discursos e histórias, mas com treino físico, inúmeras repetições, sacrifício físico e mental. Bem, aqui tenho de fazer uma ressalva, estou a falar do karaté que conheço, porque começo achar que deve haver outros por aí.

Recordo o conceito de Shu-ha-ri, vale a pena pensar nele.

6 comentários:

  1. Sensei Jordão, não posso concordar mais com as suas palavras. No outro dia escreveu um artigo sobre "Artistas Marciais". Estão a crescer que nem "cogumelos". Muitas vezes encontro-os na rua a exibirem-se que sabem fazer isto ou aquilo, apenas e só para se exibirem e enaltecerem.
    Tive um caso de um artista desses que no outro dia agrediu um colega meu e ainda me tentou agradir a mim, mas teve menos sorte comigo.
    Não gosto de me exibir nem nada que se pareça, pois foi sempre esse o espírito que me incutiram no Karaté, mas por vezes é mais forte que nós.
    Em relação ao artigo em questão, não posso estar mais de acordo com ele; existem Sensei's com "S" grande e Sensei's com "s" pequeno...
    Mais não quero adiantar...

    Um abraço para si em particular.

    OSS

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  2. Obrigado pelo teu comentário.
    O caminho do verdaeiro karaté leva-nos a um auto-conhecimento mais profundo e consequentemente ao encontro da humildade. Infelizmente há quem não encontre o caminho, muitos porque nem sequer o querem ver.
    Oss!

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  3. "São os três estágios de qualquer tipo de prática. Como diz um alemão chamado Nietzsche explicou a mente humana usando metáforas e
    descreveu o primeiro estágio como um camelo, o segundo como o Leão e o último estágio como um bebé. No primeiro estágio, como um camelo, temos atravessar um deserto durante uns 30 ou 40 dias, sem ter o que comer ou beber.
    Em outras palavras, é um período severo de testes de perseverança. Esse é o estágio do "shu", de manter a paciência. O próximo estágio, "ha", significa quebrar. O terceiro estágio é para alcançar o estado de ser como
    um bebé, que é completamente íntegro e puro. Um bebé é perfeitamente livre. As coisas são iguais no ocidente. Entretanto, Nietzsche era tido como ateu no mundo filosófico do ocidente. Não era um cristão. Na minha opinião, ele teve um modo de pensar muito oriental. Os termos shu, ha, ri vieram de termos Zen. Portanto, o melhor estado é ri, para separar de alguma coisa. Viver uma vida despreconceituosa. Assim, se é um iniciante ou está numa classe iniciante, tem que imitar o kata com precisão. É exigido que repita uma forma padrão muitas e muitas vezes, o que é muito duro.
    Então passa pelos níveis do Kyu e então para o nível da escala de Dans, quando terá entendido as formas do kata.
    Aí então é o momento de trabalhar sua individualidade. Todo mundo, grande, pequeno ou alto, deve exibir individualidade, o que
    significa uma cisão do que aprendeu anteriormente.
    Aí alcança um nível ainda mais alto,tornando-se verdadeiramente livre.
    Quando se movimenta, pode executar uma técnica sem tê-la pensado em sua mente. Entretanto, no caso da educação na Europa,
    a individualidade é enfatizada desde o começo. Há poucos casos em que as pessoas começam a aprender com Kata."

    Acho que vai ao encontro do que pretende transmitir e achei interessante

    Oss!

    CL

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  4. Muito obrigado pelo teu excelente comentário, muito profundo!
    Oss!

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  5. Caro amigo Jordão:

    Só hoje li este post. Claro que há outros "karaté" por aí... Mas concentra a tua próxima reflexão, após estes comentários e até porque já tens outro post depois deste, nesta questão:

    De quem é a culpa? Há alguma estrutura que agrupe os Treinadores de Karaté? Há algum mecanismo de fiscalização?

    Sabias que já há 12º Dans?...

    Um abraço.

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  6. Ainda bem que não têm que andar com um cinto por cada dan que têm.....

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