segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Chumbos

Hoje tinha pensado tirar uma folga do blog e não lhe mexer. Não por falta de tempo ou por qualquer outra razão, simplesmente porque não me apetecia! Mas como estão a constatar não fui capaz.

Num raro momento vi televisão e eis que dou por mim a ver uma notícia de loucos – Fim dos chumbos na escola.

Depois de breve reflexão dei por mim a pensar. Efectivamente o karaté continua, e eu acho que daí ser mais uma razão da sua enorme implementação e sucesso, a chumbar os praticantes.

Parece-me que vai passar a ser uma das raras actividades onde a verdade, mas a verdade da arte e não a do praticante ou dos papás (!), vai continuar a prevalecer.

Felizmente não dependemos de percentagens ou de quotas. Aqui, e eu falo das minhas casas (ASKP e JKA), continuamos a chumbar!

Sei que alguns, depois de reprovarem, desistem. Paciência! Era melhor passá-los?! Não! Claro que não! Ninguém deve andar enganado, tenha a idade e a graduação que tiver.

Todos nós, os que temos mais alguma experiência no karaté, já passámos, de uma forma ou de outra, pelo insucesso, pelo sabor da derrota. O peso de voltar para casa com uma reprovação é enorme e encarar a família e amigos nessas circunstâncias não são nada animadoras. Mas isso faz-nos crescer, avançar e dar valor a tudo.

De facto, a nossa arte, a cada dia que passa, vai ser uma mais-valia para todos, em especial para as crianças. Aqui elas vão saber sempre a verdade, o ponto em que realmente estão, não vão andar enganadas.

O karaté é uma escola da vida e nem tudo são rosas e os espinhos muitas vezes é que nos ajudam a vingar.


2 comentários:

  1. Grande Jordan!

    Aqui está um artigo que gostava de dar uma opinião sobre o que eu penso sobre as graduações no mundo do KARATÉ.
    Concordo com o artigo no seu todo, porém quero destacar a última frase do texto e reforçar a ideia de que só dessa forma(em exame)é que damos realmente o valor às coisas das graduações e outros afins. No entanto, quero pensar que nós enquanto praticantes, quando nos propomos ou somos de facto, propostos a exame de graduação, que nos sintamos realmente preparados para tal. E o resto, o resto é para todos nós reflectirmos acerca destas questões e tentarmos não agir de forma precipitada. O importante não será tanto a cor julgo eu, mas sim o verdadeiro reconhecimento ou a justiça perante outros que ou não conseguiram evoluir ou não se esforçaram para chegar a um nível um pouco superior ao nosso. E nisto poder-se-á englobar, a sinceridade ou a verdade sobre se estamos ou não preparados para assumir "outra nova" responsabilidade.
    Agora, na passagem de uma graduação, se falarmos em termos de hierárquias ou de idades ou até mesmo dos tempos de graduação de cada um, se as há ou não há,eu não sei bem,é capaz, mas eu não sou nem tenciono ser, perito.
    Na verdade, é muito bom chegar a um certo nível de graduação até pelo aspecto de nos sentirmos melhores não em relação aos outros mas no sentido em que foi a nossa própria evolução, que nos fez subir um pouco mais no nível de onde estávamos para aquele onde nos encontramos agora, e o objectivo será tudo de forma natural, ou seja, natural porque foi de forma progressiva a nível de aprendizagem ou do ponto de vista pedagógico.
    O nosso trabalho ou dedicação nos treinos de karaté devem ser reconhecidos por meio de exames sim e porque é de mérito próprio e se merecemos, aí tudo bem!
    Deve haver sempre uma certa evolução, e aqui podemos falar em termos éticos, intelectuais
    (e não de hierárquias porque já vi alguns amigos meus, e MUITO BEM, a "passarem-me" na graduação)
    e até mesmo "físicos" (se possível) a nível de execução de técnica e suas respectivas interpretações.

    Saudações a todos vós.
    OSS!

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  2. Amigo Jordão:

    Quanto ao nosso sistema de ensino, cabe-me dizer que a Sr.ª Ministra vem atrasada. Aqui há uns anos, talvez nos anos 80, fui convocado para uma reunião no Ministério da Educação porque na altura era Director de uma Escola. Ao fim de quase duas horas a ouvir uma Directora-Geral falar de insucesso escolar e de analfabetismo, e de analfabetismo e insucesso escolar, não resisti e disse-lhe que tinha a solução para os casos!

    A Senhora ficou toda admirada e perguntou-me qual era. E eu, modestamente, respondi-lhe:
    - Passamos sempre todos os alunos, deixamos de nos preocupar com o insucesso escolar - um problema a menos - e vamos então resolver só o problema do analfabetismo!

    Não cheguei a perceber se a Senhora compreendeu o que eu queria dizer, mas não me deu resposta...

    Com isto só quero dizer que na Educação, sem meios (isto é, sem investimento, ou seja, sem dinheiro) não há situação que resolva nada!

    Quanto aos exames, quer seja no ensino, quer seja no Karaté, nunca ninguém me deu resposta a esta pergunta: quando se avalia, avalia-se o que o aluno sabe ou o que o aluno deve saber?

    Até porque no Karaté, a graduação não é o cinto (que para se obter tem de se fazer exame - e pagar!) mas sim o que o praticante sabe, conhece e mostra e demonstra saber e conhecer!

    Aliás, se lerem o livro "Karaté, entre a tradição e a modernidade", editado pela FNK-P,num capítulo intitulado "a ritualização e o dojo" (pág. 121) está lá explicado porque existem exames no Karaté!

    Um abraço.

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