Formas de Estar

Existem muitas formas de abordar a nossa presença no karaté.

Mas há uma em particular que gosto muito, talvez por me identificar com ela. Há quem defenda que o karaté tem duas faces, a iluminada e a sua oposta, a escura.

Nesta perspectiva, cabe a cada um de nós escolher o lado onde quer ficar.

Claro que, há quem veja vantagens nos dois lados. Uma coisa é certa, ambos os flancos têm adeptos e defensores!

O lado iluminado, no meu ver, é extremamente exposto e trabalhoso. Nele, todos observam todos! Esta exposição obriga a muito trabalho e dedicação, pois recebemos inúmeras indicações para melhorar e crescer. A finalidade neste campo, o iluminado, é nada mais nada menos que a nossa transformação na transparência. Não na transparência de nos deixarem de ver! Mas naquela em que nos despojamos de vaidades. Aí reside a grande dificuldade de quem está no estado iluminado, transformar-se num vazio, no kara! No verdadeiro kara, de karaté.

O estado escuro é o caminho fácil. Lá podemo-nos ocultar e esconder, a grande virtude da camuflagem, ver sem ser visto… Neste bordo não somos vistos, então não somos corrigidos! Então reina a sensação da perfeição, do bem-estar.

Nenhum de nós consegue ver da luz para o escuro, mas do escuro para a luz vemos perfeitamente. Isto para dizer que, quem está no lado iluminado não vê, apesar de saber que está lá alguém, o que se passa na escuridão. Quem vive na escuridão “observa de camarote”, critica e ri-se de quem se expõe diariamente.

Mas não pensem que por estar no lado claro é sinónimo de ser iluminado!...

Uma coisa vos digo, vale a pena trabalhar e mostrar, de forma humilde e respeitosa, o nosso karaté!