Shoto

Durante muito tempo questionei-me porque não se houve falar do Shotokan de Okinawa.

É que Okinawa, um arquipélago do Japão, foi o berço do karaté. E o Sensei Gichin Funakoshi, considerado o pai do karaté moderno, nasceu e foi criado exactamente lá. Esta situação fazia-me alguma confusão. Ainda para mais, só ouvia falar do Goju-ryu com grande implementação naquelas ilhas. Bem, a razão é simples. O Sensei Funakoshi foi o escolhido para levar o karaté até à ilha principal. Como se tratava de um simples professor, funcionário do estado, deslocou-se para Tokyo e não teve grande margem de manobra para voltar a Okinawa. Então, acabou por se fixar na capital e por lá desenvolver o estilo Shoto.

Kyusho

Nas artes marciais japonesas existem uma “espécie” de disciplinas, como são o caso do kihon, kumité e kata.

Mas também há quem veja o bunkai e o kyusho como partes obrigatórias e integrantes das artes guerreiras. Sobre o kyusho quero tecer mais algumas considerações. O seu estudo e treino especializado é um excelente complemento ao karaté. Nele encontramos muitas respostas a tantas dúvidas que temos. Conseguimos desvendar alguns mistérios e solucionar várias questões que nos vão surgindo na prática diária da nossa arte. É que, o kyusho, é transversal às artes marciais. Quando temos a sorte de o aprofundar em relação ao karaté rapidamente entendemos vários aspectos e passamos a ter uma visão muito mais abrangente. Agora não pensem que faz milagres. Atenção! É um complemento! Tal como tantas outras actividades o são. Mas, como tudo na vida, não são só rosas. Pessoalmente acho os preços praticados um absurdo! Completamente desfasado da nossa realidade económica…

No próximo dia 09 de Abril, na ARDOG, vamos ter uma sessão de kyusho. Sinceramente vai ser uma mais valia e mais uma excelente oportunidade para entendermos o karaté.

Treino Sensei Pula

Ontem, última sexta-feira do mês, foi dia de treino em Leiria com o Sensei Pula.

O Sensei, de uma forma geral, quando se desloca à nossa cidade, traz com ele colegas de várias zonas de Lisboa e Almada. Tal facto, faz aumentar, e muito, a qualidade dos treinos, pois boa parte das vezes são instrutores e praticantes com grande experiência na nossa arte.

Ontem, não foi excepção, com o Sensei Pula veio o Sensei José Lopes (4º Dan JKA) e o Vital (2º Dan JKA).

A aula das crianças, apesar de só estarem presentes as de Leiria, esteve bem composta. Saliento que, foi das poucas vezes que as crianças da Marinha Grande, Monte Real, Cortes e Pataias não estiveram presentes.

A classe dos adultos teve pouco “movimentada”, com a ausência de alguns importantes elementos do karaté da região. Sei que não apareceram por motivos pessoais, mas a falta deles fez-se sentir.

Quem não veio, por motivos de saúde, foi o nosso amigo José Carlos, o instrutor de Porto de Mós. O Sensei José Carlos está internado no Hospital de Torres Novas, com um pequeno problema renal, há duas semanas.

Para o próximo mês há mais um treino com o Sensei Pula. Até lá temos muito que praticar e estudar, pois deixou matéria importante para ser desenvolvida.

Consequências do Terramoto

A brutal tragédia que assolou, e infelizmente continua assolar, o Japão está a ter repercussões nas artes marciais daquele país.

De uma forma geral, as artes marciais japonesas têm importantes actividades na altura da Primavera.

O karaté não foge à regra das restantes artes japonesas e o grosso das organizações mundiais sediadas no país de origem realizam os habituais cursos de instrutores nesta época do ano.

A Japan Karaté Association (JKA) tem dois cursos anuais, na Primavera e no Outono, efectuados no Dojo Central em Tokyo.

Devido ao recente terramoto, marmoto e agora a crise nuclear, a JKA anulou o curso que ia decorrer entre 14 e 17 de Abril. Assim, um conjunto alargado de instrutores nacionais vão adiar a viagem. Espero que o adiamento não seja significativo, pois eram boas notícias.

Curso da FNK-P

No passado fim-de-semana continuou a formação de treinadores da FNK-P.

Tivemos o enorme prazer de ter presente o Sr Presidente que, logo no sábado e na abertura dos trabalhos, fez um discurso muito forte.

Gostei muito de o ouvir. Mas para além de ter gostado de o ouvir, concordei com as suas palavras.

Parece-me a mim que há alguns formadores aproveitam o facto de ter ali “à mão de semear” algumas dezenas de instrutores de todo o país e fazem uma espécie de campanha eleitoral…

Sinceramente não me parece nada bem ouvir formadores a falar mal de algumas áreas da FNK-P. Há os locais próprios para o fazerem e ali os presentes estão para receber formação! Não me parece que haja pessoas a participarem naquele curso para ouvirem ideias de mudança de certas áreas, que nada têm a ver com a formação!

Sensei Mori

No passado fim-de-semana ficámos, a grande maioria de nós, a conhecer um pouco melhor do Sensei Mori.

Pessoalmente fiquei com a melhor impressão possível sobre ele! Aqui não me limito à parte técnica. Considero-o, pelo pouco que me apercebi, uma pessoa extraordinária. Um verdadeiro mestre!

Depois desta pequena introdução passo ao que realmente me faz hoje escrever. A vida do Sensei Mori depois do tremor de terra e do tsunami. Sim, porque parece-me que ele tem duas vidas distintas, uma antes e outra depois daquela catástrofe.

Como se não chegasse sabemos agora que o Sensei ao chegar a Sendai, sua cidade, teve conhecimento de ter perdido todos os seus haveres. Casa, dojo, bens pessoais. Tudo!

Conseguem imaginar-se nesta situação? Dá para pensarmos nesta tragédia enorme. Quando as coisas acontecem a quem não conhecemos tem um significado. Quando temos alguém conhecido envolvido tudo tem outra dimensão.

Errata

É com muito gosto que faço esta correcção neste post. Quando publiquei o post tinhamos a informação que o irmão do Sensei Mori tinha falecido. Felizmente estavamos errados! Parece que terá conseguido fugir e depois, com tanta confusão, deixaram de o conseguir contactar.

Estágio JKA

Terminou hoje o Estágio da JKA-Portugal, ao qual foi convidado o Sensei Mori.

A opinião unânime de todos os que marcaram presença, e felizmente foram muito, é que teve uma qualidade extraordinária.

Neste último dia saliento os exames de graduação de Dan. Realizaram-se 24 provas!

Esta quantidade de exames mostra a excelente saúde da organização, pois pode ser uma das formas de aferir o estado da associação.

Aproveitando a presença do Sensei Mori realizaram-se exames para além do habitual 3º Dan.

Mas como todos nós sabemos isto de atingir outro dan (nível) não são favas contadas! Felizmente continuamos com um grau de exigência elevado, o que obriga ao nível técnico manter-se sempre alto.

Podia salientar vários colegas que realizaram grandes provas. Desculpem-me os outros mas vou centrar as minhas atenções no Ângelo Xavier, um praticante aqui de Leiria. Obteve a graduação de shodan e na minha modesta opinião esteve num bom nível.

Estive, assim de cabeça, a fazer contas e contabilizei 12 cintos negros na zona de Leiria –Marinha Grande. Atenção, eu só falo da organização à qual pertenço. Claro que depois há os colegas de Alcobaça e Porto de Mós a engrossar a lista.

Atingir um novo Dan é um momento de júbilo! De todos e não só daquele que se submeteu à apreciação do Sensei. Parabéns a todos! Oss!

Estágio JKA

Este é o fim-de-semana do estágio com o Sensei Mori.

Ontem, no Hoitsugan, houve o habitual treino de instrutores, ministrado por este excelente mestre.

Ontem o dojo esteve cheio, com a presença de muitos instrutores de vários locais do país. Surpresa foi a vinda de 4 colegas italianos, sendo um deles o Davide, que passa bastante tempo no Japão. Também a presença do nosso colega Vasco, agora residente na Indonésia, foi uma agradável surpresa.

O treino de ontem centrou-se nos aspectos mais básicos do karaté. Tratou-se de uma grande lição da nossa arte!

Hoje, segundo palavras de colegas, o estágio na Margem Sul correu muito bem, com o pavilhão a tornar-se pequeno. É sempre bom juntar um vasto leque de praticantes.

Devo confessar estar encantado com o Sensei Mori. Saliento que, ele é da cidade de Sendai, brutalmente devastada pelo tsunami de ontem. Apesar de estar preocupadíssimo com a família e amigos, pois não estava a conseguir estabelecer contacto telefónico com ninguém de lá, deu um treino de excelência! É, de facto, um excelente mestre!

DoGi

Durante muitos anos ouvi histórias sobre o dogi do karaté. Histórias sobre significados, interpretações, valores, etc…

Este fim-de-semana o Sensei Abel Figueiredo falou, entre outros factos interessantíssimos, sobre um pouco dessa história.

Fiquei curioso e tentei pesquisar na net um pouco mais. Encontrei pouca informação, mas após algum pensamento sobre essa matéria e constatação de algumas informações parece-me completamente credível a narração do Sensei Abel.

O karaté, na sua origem – a nível de tempo e a nível de local (Okinawa), era praticado com as roupas usadas no dia-a-dia. Roupas essas que estavam adequadas ao quotidiano de Okinawa, um conjunto de ilhas quentes o ano inteiro. Logo, seriam calções e uma espécie de t-shirts. Aliás, existem várias fotos dos karatecas e treinarem vestidos dessa forma. Não havia sequer qualquer preocupação nas cores, basta ver fotos desses tempos. Aliás, existem fotos do próprio Sensei Funakoshi em tronco nú.

Com a ida do karaté para a ilha principal do Japão houve a necessidade de implementar um uniforme. Claro que o Sensei Funakoshi podia ter escolhido um gi original, no seu formato e cor. Mas não, adoptou o “fato” do Judo, este facto, por si só, demonstra a sua enorme humildade!

Deixem-me dizer, há relatos que indicam ter sido o Sensei Jigoro Kano a emprestar um Dogi ao Sensei Funakoshi para a demonstração do karaté em Tokyo! E assim nasceu o dogi da nossa arte. O karaté deve muito ao Judo, pois o seu Grande Mestre Jigoro Kano foi fundamental na implementação da nossa arte no Japão, entenda-se na ilha principal.

Claro que o gi do Judo foi-se adaptando às nossas necessidades. Os tecidos passaram a ser mais finos, pois não temos os agarros do Judo, e o corte sofreu melhoramentos, para um melhor desempenho.

FNK-P

Os cursos de treinadores nível I e II da Federação Nacional de Karaté – Portugal (FNK-P) de Treinadores tiveram, ontem e hoje, mais uns módulos.

Decorreram no Centro de Estágios e no Centro de Alto Rendimento do Jamor.

A FNK-P conseguiu, e está de parabéns, desenvolver algumas das suas actividades no Complexo Desportivo do Jamor.

Estas acções dos cursos de treinadores correram, na minha opinião, muito bem.

Gostei muito de ver o excelente relacionamento entre elementos da nossa Federação e a Federação do Judo. Devemos viver em harmonia com os outros e esse facto deixou-me bastante agradado.

Curiosamente ouvi críticas a vários aspectos dos cursos. Sobre essas tomadas de posição devo dizer que não me vejo nelas, pelo contrário. Só pessoas com um poder crítico dissociado da realidade podiam dizer o que disseram. Mas a vida é mesmo assim, há quem pense que está num nível superior, só eles sabem fazer e tudo o que os outros fazem não presta. Enfim, grandes mestres…

Lesões

Volto ao tema das lesões, não para falar propriamente delas, mas em jeito de comparação das nossas, do karaté, com as de outras artes marciais.

Tenho alguns colegas e amigos que praticam, entre todos, um vasto leque de artes marciais. E não adiante estar a nomeá-las, caso contrário ainda entro em polémicas e não vale mesmo a pena.

Desse conjunto de colegas e amigos poucos são os que não têm sérias lesões. Mas não falo de mazelas de menor importância! Falo de problemas físicos com alguma gravidade!

Em conversa com um amigo, e posterior interiorização, questionei-me sobre as razões da existência de tantos praticantes de karaté com idades avançadas e tão poucos em algumas das outras artes marciais.

Na minha humilde opinião parece-me que a nossa arte, apesar da sua enorme dureza, está em harmonia com o corpo humano. E quando assim é, podemos treinar até ao fim da vida.

Lesões

A prática do karaté é essencialmente uma actividade física. Não é uma actividade física qualquer, pois inclui muitos outros factores.
Quando no nosso caminho surgem lesões e limitações de ordem física acabamos sempre por, mentalmente, quebrar. Aqui não retrato constipações, otites e males desse género. Refiro-me, por exemplo, a lesões musculares e articulares, aquelas que nos fazem mesmo sofrer e mexem com o nosso íntimo.
Ora, temos de estar preparados para a sua chegada. A questão não é saber se nos vai acontecer, mas, e isso sim, quando nos vai calhar.
Quando elas nos atormentam, temos de ter a força necessária para as combater. Desistir e lamentar-mos o sucedido não serve de nada! Temos de lutar contra todas as nossas limitações, pois elas, as lesões, são parte integrante do nosso caminho. A via a percorrer é penosa e nela estão tantas dificuldades deste género.
O karaté não um jogging pelo relvado de um parque numa tarde de primavera. O karaté é um caminho de auto-conhecimento, sem sofrimento não há glória. Como diz o Sensei Tanaka: “No pain, no game”.

JKA

Aqui está mais um dos instrutores do Honbu Dojo da JKA - Senei Kurihara. É o campeão de katas há alguns anos. Sempre quue o vejo a fazer um kata percebo porquê!...

JKA

Eis uma excelente final de kumité!
Dois grandes instrutores do Honbu Dojo da JKA encontraram-se nas finais e mostraram o karaté ao melhor nível.

Sensei Peté

Escrever de pessoas com quem temos ligações é sempre susceptível de levantar algumas dúvidas das razões das palavras.

Mas porque estou de consciência tranquila, hoje sinto a necessidade de falar do Sensei Peté.

Não vou escrever do seu extraordinário currículo ou das suas enormes qualidades enquanto Mestre e Homem.

É que hoje tivemos a formação da JKA e recebi mais uma lição de karaté, uma das melhores que já tive na minha vida de karateca!

Refiro-me à aula da tarde, em que, durante mais de hora e meia recebemos os seus ensinamentos. Com o Sensei Peté temos a real dimensão da nossa arte, pois consegue mostrar-nos muito para além do corpo.

Presumo que todos os presentes compreenderam as suas palavras cheias de significado e a profundidade das suas palavras cheias de significado.

São dias como este que me incentivam a seguir este longo caminho.